Introdução A escassez de insumos tem sido uma grande limitação para o avanço da vacinação. O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade, imunogenicidade e segurança da meia dose da ChAdOx1 nCoV-19. Métodos Ensaio clínico controlado não randomizado de fase III com grupos de comparação interna e externa (profissionais de saúde vacinados com dose plena). Moradores de Viana-ES, 18-49 anos, receberam duas meias doses da ChAdOx1 nCoV-19, com intervalo de 8 semanas. Foram estudados a incidência novos casos, número de mortes, internações e admissões em UTI, anticorpos neutralizantes por teste de neutralização em placa (PRNT) e quimioluminescência contra a porção RBD da fração S1 da proteína Spike, anticorpos totais IgG específico para SARS-Cov2, fatores solúveis sistêmicos, imunidade celular por estimulação antígeno-específica de células mononucleares do sangue periférico in vitro e investigação de Linfócitos T e B de memória e de citocinas intracitoplasmáticas. Eventos adversos foram monitorizados por diário, registro em plataforma digital, busca ativa por telefone, notificações no E-SUS notifica. Tempos de coleta: antes, 28 dias após 1ª.(D1) e 2ª. (D2) doses, e seguimento 3,6,12 meses pós D2. Resultados: Dos 27.000 elegíveis, 20.546 indivíduos receberam duas meias doses. Desses, 572 coletaram amostras biológicas. Após D2, a taxa de soroconversão entre soronegativos no baseline (n = 239) foi 99,8% semelhante à dose plena (DP) (n = 104, 100%). A média geométrica dos títulos de anticorpos (IC95%; UA/dL) foi 1.324 (1.148-1.527) com a MD e 3.727 (2.975-4.668) com DP (p < 0,001). No subgrupo com infecção natural prévia, os títulos foram semelhantes à dose padrão, mas houve queda dos títulos após D2 comparado com D1 nos dois grupos (MD = 9.569 (8.768-10.443) vs. 5.742 (3.195-6.347)), (DP = 9.533 (7.377-12.319) vs. 4.915 (3.767-6.412)). A frequência de eventos adversos foi semelhante, mas a duração dos sintomas foi menor no grupo MD. Não ocorreram eventos adversos graves. Taxas de casos confirmados após imunização completa foi semelhante à dose plena (20/248.830 vs. 28/419.248 casos/pessoas dia). Conclusão Meia dose da ChAdOx1 nCoV-19 é segura, imunogênica e capaz de induzir anticorpos neutralizantes em 99,8%. Em pessoas que tiveram infecção natural, uma meia dose foi semelhante a dose plena, e suficiente para induzir altos títulos de anticorpos. Resultados de imunidade celular e efetividade estão sendo analisados. Apoio ICEPi/SESA, MS, PNI, OPAS, HUCAM, UFES, EBSERH.
Estudos apontam alta incidência de eventos tromboembólicos como tromboembolismo pulmonar (TEP) na COVID-19, onde o estado de hipercoagulabilidade tem importante papel. Dada a gravidade dos pacientes que cursam com TEP, é necessário avaliar a evolução desses pacientes ao longo do tempo, uma vez que não se sabe como os pacientes de TEP por COVID podem evoluir. Foram acompanhados 6 pacientes (3 homens e 3 mulheres), sem comorbidades, com idade entre 18 e 70 anos que estiveram internados com diagnóstico de COVID-19 grave, complicados com TEP, diagnosticados através de Angiotomografía de Tórax. Foram realizadas 2 avaliações em 30 e 180 dias após a alta hospitalar (D30 e D180, respectivamente). Para a avaliação pulmonar foi realizada a espirometria com medida da Capacidade Vital Forçada (CVF) e Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF1). A CVF <80% do valor previsto (VP) foi classificada como disfunção leve (CVF 60-80% VP), moderada (CVF 50-59% do VP) e grave (CVF <50% do VP). Em D30, 2 pacientes apresentavam tosse, 5 dispneia, 2 referiam astenia, 1 adinamia e 5 apresentaram redução de CVF. Todos caminharam uma distância menor que a prevista no Teste de caminhada de 6 minutos (TC6M). Em D180, todos os pacientes se apresentavam assintomáticos. 3 dos pacientes apresentaram CVF com disfunção leve. 2 pacientes caminhavam abaixo do valor previsto. Foi realizado tratamento com anticoagulantes durante 6 meses. Percebe-se uma progressiva melhora nos testes de função pulmonar e dos sintomas dos pacientes, sem outras complicações no seguimento de 6 meses. No entanto, alguns ainda persistem com disfunção pulmonar, sendo ainda incerta a evolução desses pacientes que persistiram com alterações na função pulmonar bem como sobre a possibilidade de novos eventos embólicos. Devido a incerteza da evolução ou manutenção de condições de hipercoagulabilidade após COVID-19, torna-se fundamental o acompanhamento por períodos superiores a 6 meses.
Introdução A escassez de insumos tem limitado o avanço da vacinação contra a Covid-19, no mundo. A vacinação com meia dose da ChAdOx1 nCOv-19 foi comparada à dose padrão no Estudo Viana. O objetivo deste estudo foi avaliar e monitorar os eventos adversos com meia dose e comparar com dose padrão. Métodos Ensaio clínico de fase III que testou meia dose da ChAdOx1 nCoV-19 (AZD1222) em adultos de 18 a 49 anos da cidade de Viana - Espírito Santo. Os eventos adversos foram avaliados por meio de registros no sistema e-SUS notifica, busca ativa e estudos de casos de eventos adversos pós-vacina (EAVP) e eventos adversos de interesse especial (EAIE), telefone celular e 0800 disponível aos participantes, questionário eletrônico 7 e 30 dias após a primeira e segunda dose, busca ativa SAC Fiocruz e disque intoxicações, busca ativa de rumores no CIEVS, vigilância de todos os óbitos do município. Em uma subamostra, os eventos adversos foram avaliados por diário auto-aplicável e entrevista aos participantes, 28 dias após a primeira (D1) e a segunda dose (D2). O mesmo questionário foi aplicado numa coorte de trabalhadores da saúde, ajustado por idade, que recebeu 2 doses de dose padrão. Resultados Foram incluídos 20.546 participantes. Desses, 572 foram convidados a responder um diário de eventos adversos. Dessa subamostra, 501 e 381 devolveram os diários pós D1 e D2. Não houve reações graves. Os sintomas mais frequentes foram (84% e 52%, p<0,001), e maior duração (5±4 e 2±3 dias) após a 1a dose. Os sintomas mais citados foram dor local (69% e 34%), cefaleia (51% e 21%), mal-estar (47% e 21%), calafrio (37% e 13%), dor muscular (36% e 14%) e articular (30% e 13%), endurecimento da pele (31% e 16%), região quente (23% e 14%), vermelhidão (13% e 8%). Lesão cutânea (23% e 14%), febre (23% e 8%) náuseas (17% e 8%) e vômito (2% e 1%) foram menos frequentes. Comparativamente, não houve diferença entre meia dose comparado dose padrão pós D1 (83% vs. 84%, p = 0,840) ou D2 (52 vs. 57%). No entanto, a duração dos sintomas foi menor com meia dose (dor local, cefaleia, cansaço, dores musculares, dores articulares, febre, endurecimento local, edema, hematoma). Conclusão Os eventos adversos da ChAdOx1 nCoV-19 foram leves, e a frequência geral foi semelhante com meia dose ou dose padrão. No entanto, a duração dos sintomas foi menor no grupo da meia dose. Reatogenicidade foi menor pós segunda dose, nos dois esquemas vacinais.
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