RESUMO: Com este trabalho, dou continuidade à divulgação dos resultados de uma pesquisa voltada para a reconstrução da trajetória intelectual da professora Gioconda Mussolini, pioneira no ensino de antropologia na Faculdade de Filosofia da USP, entre 1944 e 1969. Nesta etapa, resenho a sua produção mais significativa: seis artigos e a co-autoria de um livro, textos dedicados a vários aspectos da vida cultural e social de populações de pescadores do litoral do estado de São Paulo, produzidos entre 1944 e 1961 e fruto de intensas e numerosas pesquisas de campo. O objetivo da análise é mostrar como o conjunto das atitudes metodológicas que se revelam na formulação dos textos remete para uma superação crítica dos "estudos de comunidade", no contexto dos quais Gioconda havia se formado, tanto como aluna da USP e da Escola Livre de Sociologia e Política quanto como colega e colaboradora de representantes dessa vertente (Donald Pierson, Emilio Willems e Egon Schaden, entre outros); e que, nesse sentido, ela se aproxima mais das perspectivas de outros colegas seus, como Antonio Candido e Florestan Fernandes. Finalmente, aponto os primeiros elementos que permitem ligar a sua produção aos rumos sucessivos do campo da etno-antropologia da pesca no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Gioconda Mussolini, antropologia e sociologia no Brasil, antropologia da pesca.
Através de uma releitura de alguns momentos da história intelectual latino-americana, incluindo neles períodos e trajetórias frequentemente negligenciadas, neste trabalho se pretende, ao mesmo tempo repensar as abordagens brasileiras e globais à história da antropologia e propor uma nova estratégia para o ensino de antropologia na universidade brasileira. O pressuposto principal do ensaio é a convicção de que não é nem foi apenas a antropologia a disciplina que tem oferecido interpretações antropológicas dos vários aspectos da realidade social e cultural da América Latina. Assim, também se alcançaria, simetricamente, uma releitura “antropológica” da produção intelectual latino-americana dos últimos 150 anos
O objetivo principal deste trabalho é a reconstrução de um aspecto específico da trajetória biográfica e intelectual de Gioconda Mussolini, aluna, assistente e professora, sucessivamente, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo de 1935 a 1969: o seu percurso escolar, da infância à licenciatura na ffcl. Proponho, no entanto, ir ainda mais longe, no tempo e no espaço, para incluir nesta trajetória a chegada da Itália ao Brasil da sua família paterna, em 1886, e a sua experiência escolar, na cidade de São Paulo, nos anos Vinte e Trinta do século passado. A hipótese é que esse percurso é determinado em grande medida pelo seu pertencimento a uma parcela peculiar da experiência ítalo-paulista no começo do século xx, por um lado, e, por outro, que ele determina o seu encaminhamento para as ciências sociais e para a Antropologia.
O artigo elenca algumas considerações sobre o gênero jornalístico fait divers, postulando-o como um aporte para reflexão da ciência histórica. Para tal, o texto apresenta o conceito de representação, para, depois, introduzir a conceituação do fait divers e, então, dispor de análises de algumas das operações de classificação implícitas nessas narrativas. Os esforços interpretativos têm como base um corpo de notícias publicadas no diário Correio da Manhã, no primeiro quinquênio do século XX na cidade do Rio de Janeiro. Nesse empreendimento, recorre-se aos conceitos de Chartier (1991) e Pesavento (2006), sobre representações, e às contribuições de Ferro (1983), Meyer (1996) e Guimarães (2013) para compreender as especificidades desse fenômeno midiático, desde suas origens na tradição oral francesa até o seu desenvolvimento no Brasil do início do século passado.
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