Resumo O artigo descreve os núcleos de significação social identificados nas falas de profissionais de saúde da atenção primária com relação à qualidade das ações desenvolvidas. Trata-se de estudo de caso realizado em dois serviços organizados segundo modelos diferentes: uma unidade “tradicional”, com agentes comunitários, e uma de saúde da família. As entrevistas e observações realizadas são analisadas a partir do referencial proposto por Vigotski, em diálogo com a literatura sobre o processo de trabalho em saúde. Os resultados apontam como principais núcleos de significação da qualidade na atenção básica o acolhimento como interação entre profissional e usuário do Sistema Único de Saúde, as diversidades de ofertas multiprofissionais e intersetoriais, os agentes comunitários como elo entre equipe de saúde e comunidade, e o trabalho em equipe e gerenciamento democrático. Ainda que esses núcleos estejam socializados entre os profissionais como significados de qualidade, observam-se tensionamentos e contradições entre o legitimado e o instituído como prática.
Resumo O crescimento da população idosa no Brasil vem ocorrendo de forma acelerada, configurando um grande desafio para os serviços públicos de saúde. A Estratégia Saúde da Família (ESF) indica uma mudança no modelo tradicional de atenção à saúde, pautado no viés do cuidado integral. Uma das principais atribuições do agente comunitário de saúde (ACS) é a visita domiciliar, por meio da qual pode estabelecer um vínculo com as famílias atendidas e conhecer suas necessidades. O objetivo do estudo foi analisar o potencial da visita domiciliar como instrumento de prática de cuidado e fortalecimento de vínculo junto à população idosa em território de alta vulnerabilidade. Foram realizadas observações participantes sistematizadas em diários de campo, além de entrevistas semiestruturadas com três agentes comunitários de saúde de uma Unidade de Saúde da Família. A construção de sentidos do material sistematizado em tabelas foi organizada a partir do referencial da análise do discurso, que abrange os sentidos intersubjetivos em uma interlocução com o contexto social. Observou-se que a visita domiciliar envolveu dinâmicas de acolhimento e vínculo afetivo construídas cotidianamente, o que fortaleceu as práticas de atenção aos idosos no território, produzindo construções criativas e singulares de cuidado. O ACS ocupava um lugar afetivo-técnico importante na ESF, potencializando ações de promoção à saúde de idosos na comunidade, ainda contribuindo para o incremento de políticas públicas voltadas para essa população.
Resumo: As mudanças teóricas, políticas e sociais no campo da reabilitação psicossocial têm trazido novas possibilidades de investigação da prática. Neste artigo, investigamos os processos psicossociais que influenciam no trabalho solidário dos sujeitos da Saúde Mental, enfatizando cotidiano e sentidos. O método que utilizamos é orientado pela concepção de mundo da Psicologia Sócio-histórica, sendo uma pesquisa de epistemologia qualitativa. Realizamos um estudo de caso com inspiração etnográfica, por meio de entrevistas e observações participantes em uma cooperativa de reciclagem em Santos, Brasil. Os sujeitos entrevistados foram seis homens e quatro mulheres e, do total, oito são usuários dos serviços de Saúde Mental e dois são técnicos. A maioria tem mais de 50 anos, não completou o ensino fundamental e trabalha na cooperativa há mais de três anos. A análise pela Hermenêutica de Profundidade resultou que, entre complexas relações institucionais, os cooperados trazem sentidos positivos ao trabalho, seja pelo afeto, pelo retorno financeiro ou pelas reconfigurações familiares e sociais. Estas novas formas de sociabilidade vêm destruindo as barreiras da dialética exclusão/inclusão social e desmistificando o preconceito com o louco e o pobre. A não competição, aliada à participação social e uma cultura solidária, tende a potencializar estes projetos e seus sujeitos. Palavras-chave: Saúde Mental, Trabalho, Inclusão Social, Economia Solidária. Senses and Psychosocial Processes involved in the Work of Social Inclusion in Mental HealthAbstract: The theoretical, political and social changes in the field of psychosocial rehabilitation, have brought new possibilities for practical research. In this article we investigate the psychosocial processes that influence the solidarity work of the subjects of Mental Health, emphasizing everyday life and senses. The method we use is guided by the conception of the world of Socio-Historical Psychology, in a qualitative epistemology research. We conducted a case study with ethnographic inspiration, through interviews and participant observation in a recycling cooperative in Santos, Brazil. The interviewees were six men and four women: eight of them were users of mental health services and two were technicians. Most of them were more than 50 years, had not completed elementary school and had worked in the cooperative for more than three years. The analysis by Depth Hermeneutics, which resulted from complex institutional relations, showed that the cooperative members bring positive senses to work, whether through affection, financial return or family and social reconfigurations. These new forms of sociability are destroying the barriers of dialectical social exclusion/inclusion and demystifying the prejudice against the ill and the poor. Absence of competition, combined with social participation and a supportive culture, tend to potentiate these projects and their subjects.
Em consideração a normas recentes do Ministério da Saúde, que regulamentam as relações entre a Saúde Mental e a Atenção Básica, esta pesquisa tem por objetivo estudar os sentidos atribuídos pelo ACS à Saúde Mental e suas implicações na prática cotidiana, além de suas percepções sobre as ações do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde (PRMAS). Trata-se de um estudo qualitativo, segundo o referencial da Hermenêutica de Profundidade,feito através de observação participante e entrevistas semidirigidas. Os resultados alcançados apontam a centralização dos cuidados em Saúde Mental nos CAPS, especialmente através de medicações. Em relação ao PRMAS, percebe-se o papel de matriciamento exercido pela residência, por meio da escuta e acompanhamento do ACS, que encontra situações de sofrimento psíquico em seu cotidiano mas se sente despreparado para lidar com elas. A residência fortalece a integralidade do cuidado, conforme qualifica a atuação do ACS e o orienta em casos difíceis, bem como pode ser um articulador do trabalho, através das iniciativas de aproximação entre os serviços que tem promovido.
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