O objetivo do estudo foi verificar as principais alterações na linhagem leucocitária causadas pela infecção pelo SARS-CoV-2, vírus de origem zoonótica responsável pela doença conhecida como COVID-19. O SARS-CoV-2 afeta vários sistemas, incluindo o sistema hematopoiético, o que ocasiona alterações nas linhagens dos leucócitos. Os pacientes infectados pelo vírus SARS-CoV-2 apresentavam alterações numéricas e morfológicas na linhagem de leucócitos, sendo mais significativo a linfopenia e a neutrofilia. Quanto à morfologia, foram observadas várias anomalias. Os linfócitos reativos plasmocitóides e os semelhantes às células de Downey foram observados com frequência. Monócitos displásicos e neutrófilos com hipolobulação, classificados como anomalia Pseudo Pelger-Huet adquirida, também estavam presentes. Essas anormalidades foram correlacionadas com maior chance de admissão na UTI e evolução para óbito. Houve correspondência entre a contagem normal de eosinófilos com a progressão positiva da doença, o que sugere que, a regeneração dos eosinófilos esteja relacionada com a recuperação da doença. Esse conjunto de alterações não foi observado em nenhuma outra pneumonia de origem viral. A contagem diferencial de leucócitos é um exame rápido e de fácil realização, que pode auxiliar a equipe médica na classificação de pacientes graves ou não graves, e fornecer direcionamento da evolução da doença.