ResumoRepresentações das experiências precoces de vinculação estruturam novas relações significativas ao longo da vida. Estudam-se relações entre vinculação parental, vinculação amorosa, satisfação com a vida e orientação para o futuro, numa amostra de 262 jovens adultos (idades entre 18 e 34 anos; M= 21.3; DP= 3.12). Recorreu-se ao Inventário de Vinculação aos Pais e Pares (IPPA), Questionário de Vinculação Amorosa (QVA), Escala Satisfação com a Vida (SWL), e Escala de Esperança (EE). Os dois tipos de vinculação relacionam-se moderadamente, e a satisfação com a vida e orientação para o futuro, são explicados pela vinculação parental (mas não pela amorosa). Palavras chave: vinculação parental, vinculação romântica, orientação para futuro, satisfação com vida. AbstractRepresentations about attachment previous experiences structure the quality of new relationships later in life. This paper analyses the relations between attachment to parents, romantic attachment, life satisfaction and future orientation (hope), in 262 young adults (aged 18-to-34 years old; M= 21.3; DP= 3.12). The Inventory of Parent and Peer Attachment (IPPA), the Romantic Attachment (QVP), Satisfaction with Life (SWL); and Hope Scale were used. The two kinds of attachment seem to be independent; SWL and future orientation variation are explained by attachment to parents (but not by romantic attachment). Keywords: attachment to parents, romantic attachment, future orientation, life satisfaction A construção de vinculações a cuidadores e parceiros mantém-se, ao longo da história do Homem, pelo valor adaptativo para a sobrevivência e proteção na vulnerabilidade. Saber se os padrões de adaptação emergem de forma coerente, passo-a-passo, desde a infância, é uma questão fundamental na psicologia do desenvolvimento (Simpson, & Rholes, 2012;Sroufe, 2005); tendo sido tratada por Bowlby (1982;1988), ao propor que as diferenças nas representações das relações significativas emergem na história das interações, ou seja, não derivam de fantasias. A qualidade das vinculações é fundamental para o desenvolvimento da personalidade, e a teoria assenta na importância das experiências de vida, contrariando a interpretação psicanalítica clássica, embora admita que a interiorização dessas experiências está imbuída de interpretações pessoais, que dão origem aos modelos operantes internos. Os modelos estruturam-se a partir do momento em que a criança tem a noção de "permanência do objecto", ou seja, quando pode recorrer, mentalmente, à figura do outro, mesmo quando ausente (Piaget, 1947;1948;Waters, & Waters, 2006). A "continuidade" nos estilos de relações traduz a existência desses modelos mentais do self, dos outros, e das relações, sendo que tanto as "formas saudáveis de amor como as não saudáveis têm origem em adaptações a condições sociais específicas" (Hazen, & Shaver, 1987, p.511), pelo que são analisáveis, interpretáveis e passíveis de reinterpretações.Os modelos internos funcionam como uma espécie de scrpits (ou esquemas) que geram expectativas que preparam para...
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