São apresentadas, nessa separata, as principais orientações sobre a atenção às complicações do pé diabético. A neuropatia, com suas diversas apresentações que acometem os membros inferiores dos diabéticos, as lesões da doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), as múltiplas apresentações da infecção do pé diabético, e, principalmente, os cuidados preventivos que possam impedir o estabelecimento ou a evolução dessas complicações são tratados de forma sistemática e simplificada, visando a atenção integral desses doentes. Especial cuidado é dado às orientações diferenciadas para os diversos níveis de atenção nos serviços públicos de saúde, porta de entrada virtual de 80% dos infelizes portadores dessa complicação. São aqui apresentados modelos de atenção e sugeridos protocolos que podem contribuir para a efetiva redução do número de amputações, internações e óbitos de diabéticos com complicações nos membros inferiores
Resumo Contexto A calcificação da camada média arterial pode tornar o Índice Tornozelo-Braquial (ITB) falsamente elevado em diabéticos, dificultando a avaliação da doença arterial. Objetivo Comparar os valores do ITB de diabéticos e não diabéticos com isquemia crítica. Métodos Foram incluídos 140 pacientes (60% de diabéticos) acompanhados no Serviço de Cirurgia Vascular do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos com isquemia crítica por DAOP infra-inguinal. Comparou-se a média dos valores do ITB dos dois grupos de pacientes, correlacionando o ITB com a gravidade da isquemia, segundo a Classificação de Rutherford. A análise estatística foi realizada pelo EPI-INFO. Resultados A maioria dos 140 pacientes (77%) se encontrava na Categoria 5 da Classificação de Rutherford, 6% na 4 e 17% na 6. Nove diabéticos (11%) e um não diabético (2%) apresentaram ITB > 1,15 (p = 0,02), sendo excluídos da análise das médias do ITB. Considerando os 130 pacientes, os 75 doentes diabéticos apresentaram média do ITB na artéria tibial posterior de 0,26 versus 0,28 dos 55 doentes não diabéticos (p = 0,6); e no ITB da artéria pediosa aqueles apresentaram média de 0,32 versus 0,23 desses (p = 0,06). Estratificando os doentes nas categorias da Classificação de Rutherford, não houve diferença nas médias do ITB nas categorias 4 e 5. Apenas em relação à artéria pediosa e em pacientes na Categoria 6, a média do ITB foi significativamente maior em diabéticos (0,44 versus 0,16; p = 0,03). Conclusão Os diabéticos apresentaram maior prevalência de ITB falsamente elevado. Porém, excluindo-se esses casos, a média dos valores de ITB são semelhantes aos não diabéticos, exceto na artéria pediosa, nos pacientes com isquemia na categoria 6.
ResumoContextoO índice tornozelo-braquial (ITB) é um exame de rastreamento da doença arterial obstrutiva periférica, sendo também utilizado para avaliar o risco cardiovascular. Em diabéticos, a interpretação do exame é difícil pela possibilidade de índice aberrante devido à calcificação da camada média arterial.ObjetivoEncontrar a frequência de ITB aberrante em diabéticos e verificar sua associação com variáveis sociodemográficas.MétodosEstudo descritivo com entrevista e aferição de ITB de 309 pacientes diabéticos tipo 2, acompanhados no centro de referência Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA), Salvador, BA, Brasil. Foi estudada a frequência e a relação entre o ITB aberrante e variáveis sociodemográficas, como sexo, idade e renda familiar. Utilizou-se um ponto de corte para ITB aberrante de 1,3. As variáveis contínuas foram dicotomizadas. Para a análise estatística, utilizou-se o teste do qui-quadrado, considerando significante um p ≤ 0,05.ResultadosEntre os 309 pacientes entrevistados, 65% eram mulheres, 26% haviam cursado ensino médio completo e 77% tinham renda familiar igual ou menor que três salários mínimos. A frequência de ITB aberrante ≥ 1,3 foi 16,5%. Não foram encontradas correlações estatisticamente significantes nas análises bivariadas entre o ITB aberrante (≥ 1,3) e as variáveis sociodemográficas estudadas (sexo, idade, tempo de duração de diabetes melito, renda familiar e escolaridade).ConclusõesA frequência de ITB aberrante entre diabéticos foi de 16,5%. Não encontramos correlação entre as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, tempo de DM, escolaridade e renda familiar) e a ocorrência de ITB aberrante.
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