IntroduçãoOs cateteres venosos centrais de longa permanência são utilizados em casos em que há necessidade de acesso vascular prolongado ou definitivo, como em quimioterapia, hemodiálise e nutrição parenteral prolongada.Podem apresentar diversas complicações relacionadas ao implante, à manipulação ou à manutenção. Por serem invasivos e com manipulação frequente, podem induzir trombose local, e quando colonizada, pode infectar, transformando-se em vegetações. A infecção relacionada a esses dispositivos constitui complicação de grande morbimortalidade e permanece um desafio na prática clínica O presente caso relata investigação diagnóstica de quadro febril prolongado em paciente com doença renal crônica e cateter venoso central de longa permanência para hemodiálise, submetido a transplante renal, realçando o valor do ETT associado ao ETE. Relato do CasoTrata-se de paciente de 24 anos, sexo feminino, com antecedente de doença renal crônica, carcinoma papilífero em rim direito e nefrectomia bilateral, em hemodiálise há dois anos por meio de cateter Permcath em veia jugular interna direita. Foi submetida a transplante renal de doador vivo e evoluiu com febre no terceiro dia de pós-operatório, sem foco aparente, mesmo em uso profilático de cefalosporina de primeira geração.Inicialmente, foram colhidas hemoculturas e foi solicitado ETT. As hemoculturas foram negativas e o ETT evidenciou massa ecodensa fixa na parede do átrio direito, podendo corresponder a trombo ou vegetação (Figura 1).Para complementação diagnóstica, a paciente foi submetida ao ETE para melhor avaliação, que confirmou a presença de massa ecodensa em átrio direito, algodonosa, móvel, emergindo da veia cava superior, medindo aproximadamente 3,4 x 0,9 cm. Foi observada também outra imagem aderida à parede atrial direita próxima ao anel da valva tricúspide, medindo 1,4 x 1,4 cm (Figura 2). Em seguida, o cateter venoso central foi retirado e enviado para cultura, que evidenciou crescimento de Enterobacter sp, sendo administrado esquema antibiótico com piperacilina e tazobactama por sete dias, e ciprofloxacino durante seis semanas.A p a c i e n t e e v o l u i u a s s i n t o m á t i c a d u r a n t e a antibioticoterapia, sendo submetida a novo controle com ETE ao final da sexta semana de tratamento, o qual evidenciou persistência da massa pedunculada, medindo aproximadamente 4,5 x 1,3 cm, aderida à parede da veia cava superior, com grande mobilidade no interior do átrio direito, chegando a projetar-se para a valva tricúspide, além da outra massa fixa à parede atrial direita (Figuras 3, 4 e 5). A paciente não fez uso de medicação anticoagulante durante o tratamento.Diante do aumento da massa a despeito da antibioticoterapia, optou-se por tratamento cirúrgico para sua remoção. Realizou-se toracotomia com circulação extracorpórea, na qual foram dissecadas as veias cavas e aberto o átrio direito, sendo evidenciada massa de aproximadamente 5 x 3 cm originando-se em veia cava superior, nitidamente relacionada à presença do cateter prévio. O conjunto da massa r...
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