Segundo Franco & Mehry (2003), o fluxograma é uma representação gráfica de todas as etapas do processo de trabalho que permite observar e analisar o que acontece em sua operacionalização. Esta ferramenta aplicada numa emergência hospitalar permite avaliar o fluxo dos pacientes, as relações estabelecidas e, a partir disso, os pontos críticos deste processo. Realizado por estudantes no início da graduação, permite um conhecimento realista do fluxo assistencial. Foi relatada a vivência pelos alunos de medicina num Hospital Público, na qual a produção de conhecimento e a vivência no serviço foram os elementos centrais. Foi destacada a importância da inserção precoce na rede, associado à problematização da vivência, tornando-se assim chave para o aprendizado. Compreender o fluxo e os eixos da emergência em um hospital de alta complexidade; evidenciar a importância da vivência prática na formação dos conhecimentos sobre a articulação hospitalar; construir um fluxograma analisador a partir dos dados observados. Foi utilizado o método qualitativo, com observação participante do trabalho dos profissionais e da rotina do pronto atendimento, no primeiro semestre de 2016, às terças-feiras, durante 8 semanas, 8h/semana. Como referência analítica, foram utilizados textos técnicos com enfoque em gestão hospitalar, análise de fluxo de pacientes e Acolhimento com Classificação de Risco do Ministério da Saúde, discutidos na disciplina de Saúde da Comunidade II do curso de Medicina. Após esse período de pesquisa, o cerne do estudo se baseou na formulação de um fluxograma analisador. Conforme preconizado pelo Humaniza SUS, um hospital que oferece setor de Urgência e Emergência deve ser dividido em eixos (vermelho e azul), áreas (vermelha, amarela e verde) e planos. Nesse contexto, a montagem do fluxograma evidenciou a distância existente entre os dados literários e a operação prática, sobretudo na relação recíproca entre os eixos. Segundo a bibliografia, os eixos deveriam se comportar de maneira contínua e linear, mas com a vivência foi percebido que suas interações são obstrutivas e sobrepostas. O maior problema da sobreposição dos eixos é a geração de um efeito em cadeia, no qual a obstrução de um deles acaba por afetar os adjacentes. Isso fica nítido quando se observa a interrupção do fluxo na área amarela que congestiona o eixo azul, causando a superlotação da urgência. Esta experiência, a montagem de um fluxograma analisador a partir de saberes práticos, ressaltou a necessidade de um ensino médico mais proativo, saindo da inalterabilidade do conhecimento teórico. Ademais, é importante a inclusão de graduandos desde o início do curso no sistema hospitalar, para fomentação de um conhecimento modelado pela saúde pública brasileira.
Este artigo relata experiência do PET-Saúde/GraduaSUS do curso de Medicina do Campus UFRJ-Macaé que tem proposta pedagógica nos moldes das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). As principais atuações do projeto foram mudanças curriculares alinhadas às DCNs, desenvolvimento docente e integração ensino-serviço-comunidade. Como resultados, já alcançamos maior compreensão das DCNs, montamos um curso de atualização em ensino, que iniciou mobilizações em torno de métodos ativos de ensino-aprendizagem; curso de extensão para docentes, para maior integração ensino-serviço- comunidade; interações entre disciplinas essencialmente biológicas com outras mais aplicadas à clínica médica e à saúde pública; uso de metodologia ativa em liga acadêmica do curso de Medicina. Ademais, houve aproximação dos docentes que atuam no ciclo básico com o SUS, através de cursos e visitas a serviços de saúde. As ações deste grupo PET-Saúde/GraduaSUS tem gerado mobilizações e acreditamos ser o início de mudanças significativas na formação dos profissionais de saúde do Campus UFRJ-Macaé com consequente impacto na qualidade de serviços assistenciais no SUS.
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