No abstract

Este artigo tem como centro de análise o projeto Estudos Sociais, a partir da longa duração, uma estratégia de ensino para a matéria Estudos Sociais arquitetada por professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, na década de 1970, que buscou inspiração teórico-metodológica na produção historiográfica de Fernand Braudel (1902-1985). Para tanto, o projeto será significado no percurso intelectual de sua principal mentora, Cecília Maria Westphalen (1927-2004). Buscamos, nesta perspectiva, compreender as bases da proposta inter-relacionando-a com seu modo de ser historiadora. Localizado em ponto nevrálgico da política do Regime Militar brasileiro (1964-1985), ponderamos sobre a resistência ao projeto com a narrativa sobre o movimento de repúdio aos Estudos Sociais provindo nuclearmente da então Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH). Teremos como foco da ofensiva contra os Estudos Sociais o Simpósio Nacional de 1977, quando Cecília Westphalen rompe com a associação que ajudou a crescer e se consagrar como a mais importante instituição de representação dos historiadores brasileiros.

T he following interview with historians Christian Delacroix, François Dosse and Patrick Garcia, on self writing and historiography, was conducted by Daiane Machado and Raphael Guilherme de Carvalho, in Paris, in November 2019. We both carried out, between 2019 and 2020, postdoctoral internships at Institut d'Histoire du Temps Présent (IHTP), a Mixed Research Unit (linked to the Centre National de la Recherche Scientifique and the University of Paris 8) which hosts the programme Histinéraires: la fabrique de l'histoire telle qu'elle se raconte, the subject of the interview.This programme, funded by Agence Nationale de la Recherche (ANR) and directed by Patrick Garcia, brings together several institutions, such as the Centre Georges Chevrier (Dijon), Laboratoire de Recherche Historique Rhône-Alpes (LARHRA, Grenoble-Lyon) and Temps, Espaces, Langages, Europe Méridionale-Méditerrané (TELEMME, Aix-Marseille), as well as IHTP. Its aim is to collect and analyze the Mémoires de synthèse des activités scientifiques (summaries of scientific activities), produced in the competitive examinations for Habilitations à diriger des recherches (authorizations or accreditations to supervise research), in the discipline of history, running since the end of the 1980s, in order to study the contemporary historian community in France. This study values reflexivity within this community and takes as its basis sociology and history of science, while maintaining a dialogue with other disciplines and historiographies practiced in other countries.Delacroix, Dosse and Garcia, who make up the core of the IHTP in the programme, have conducted for over two decades, in this laboratory, several seminars on historiography, from which some works in common have emerged, such as Historicités (Éditions La Découverte, 2009). They have also worked together on the interdisciplinary journal Espaces Temps, as they will tell us throughout the interview. In Brazil, they collaborated on the translation of Correntes históricas na França (2012), in a partnership between the publisher of Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) and the publisher of Fundação Getúlio Vargas (FGV).We invite you, then, to read the entertaining conversation with Delacroix, Dosse and Garcia, which itself goes through the words of these historians in the first person, retelling, in a light-hearted manner, their trajectories, the partnerships established and the common contributions to historiography, as well as the conduct and expectations surrounding the Histinéraires programme. Finally, we hope that this conversation will stimulate the interest of the reading public in the study of academic memoirs and other self narratives.

O presente ensaio apresenta o projeto das Promotoras Legais Populares de Curitiba e Região Metropolitana a partir da experiência dos últimos seis anos enquanto curso de formação popular feminista. Este projeto existe em outros países da América Latina e outras cidades do Brasil, e a partir de uma base comum que pensa um feminismo anticapitalista e popular, busca-se proporcionar uma educação emancipatória e empoderadora de mulheres através dos princípios freireanos.  Refletimos aqui sobre questões teóricas e práticas das conexões existentes entre o feminismo popular, os movimentos sociais e a mobilização de mulheres na atualidade, todas questões essenciais também para se (re)pensar o Direito, tendo em vista suas potencialidades e limitações para a práxis do movimento feminista.

Este estudo investiga algumas faces do percurso intelectual de Cecília Westphalen (1927-2004). Buscamos interpretar seu modo de ser historiadora nas tensões do campo historiográfico brasileiro da segunda metade do século XX, tempo de delineamento do ofício a partir da instituição universitária. Foi na prática da história econômica e social quantitativa à la Annales, que aprendeu nos deslocamentos historiográficos à École Pratique des Hautes Études, que Westphalen fundamentou seus projetos de pesquisa e diretrizes para o ensino. Para compreendê-los, acena-se fundamental a historicização dos seus encontros e desencontros acadêmicos configurados em diferentes espaços de sociabilidade e produção do conhecimento, como a Universidade Federal do Paraná, a Associação dos Professores Universitários de História e a Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica. Para tanto, mobilizamos a produção intelectual de Westphalen, a sua rede de correspondência, anais de eventos e atas de reuniões departamentais