Dedicada com profundo afeto e admiração, ao Professor Antonio Carlos Robert Moraes, para sempre Tonico, Professor com P maiúsculo, que dava a aula com deleite, cujas classes emocionavam, lotavam de gente e atraiam pessoas de todas partes-inclusive de outros países. Ministrava aula um semestre sim, e o outro também, na graduação e na pós-graduação, e nos últimos tempos também aquela introdução à geografia para os historiadores, a primeira que eu assisti. Ao contrário de muitos, renovava sempre os temas e a bibliografia dos seus cursos. O dia que ele marcava plantão para devolver aos alunos as provas corrigidas, havia que ver as filas na porta da sua sala, aguardando para receber um comentário que ele sempre oferecia, certeiro, atencioso e imaginativo, ou para fazer uma pergunta, que ele sempre respondia, o melhor que podia, e com a maior humildade, sem nunca menosprezar ninguém, ou deixar se exasperar, quando por acaso chegava a ter na aula um aluno insistente ou impertinente. Orientador sincero, sagaz, disposto, erudito, bem-humorado, orientador mesmo, com as vagas sempre lotadas, até com aluno em iniciação científica e de barriga de aluguel. Sugeriu-me mudar de tema de pesquisa, eu queria continuar Reclus, e ele achava que era melhor já encarar o Vergara, e estava certo. Intelectual de visão ampla, alheio a todo tipo de doutrinarismos, não dominava um tema só, mas muitos temas, e não tinha familiaridade com uma teoria só, mas com muitas teorias. E sabia tudo do Brasil, história, geografia e política. Pesquisador é aquele que publica, e Tonico publicava, e publicou até o fim. A sua influência era tão grande, que todos seus livros se tornavam imediatamente em clássicos da geografia brasileira, desde a sua Pequena história crítica, texto de boas-vindas para várias gerações de geógrafos brasileiros, como irá se tornar em clássico o último ou penúltimo que publicou, acerca do conceito de território no pensamento do outro grande, Milton Santos. Mas não se conformava Tonico com ser um clássico em vida, um professor empolgado, um pesquisador ativo e um orientador carinhoso, mas era também um ativista envolvido nas políticas educativa e científica, a favor sempre da educação pública e do apoio à pesquisa e ao avanço do conhecimento. Le gustaban los estudiantes, e acreditava neles, como deixou claro num dos seus últimos escritos, que circulou pela internet, erguendo a voz bem alto contra o que sabemos que está acontecendo na nossa querida USP. E finalmente amigo, muito querido por seus amigos, camarada. Professor, orientador, intelectual, pesquisador, ativista da ciência, amigo, guerreiro Tonico. Único, Tonico. Hasta siempre Tonico! AGRADECIMENTOS Faz tanto tempo que comecei esta pesquisa, ainda incompleta, que escrever estes agradecimentos se torna, tal vez mas que nunca, um exercício necessário de recapitulação de etapas, afetos e reconhecimentos, susceptível de incorrer em vazios involuntários, pelos quais peço perdão de antemão. Lá na graduação, no meu país, do qual sai faz anos, como tantos outros colombianos, houve ...
Já foi tudo desconstruído. Depois de os sociólogos e historiadores sociais da ciência descobrirem, há cinquenta anos, que os fatos científicos, e por esse caminho, tudo que achávamos ser real, não passava de uma mera "construção social", no quedó títere con cabeza. A natureza, a nação, coisas nas quais acreditávamos ingenuamente, acabaram tornando-se "invenções". Junto vieram os estudos multiculturais, o giro linguístico e a análise do discurso para aprofundar a angústia. Tudo aquilo que achávamos natural, ou até mesmo sagrado, já não eram apenas "construções sociais", mas construções mentais, narrações, pouco mais que retórica. Não ficou pedra sobre pedra. Tudo foi desmitificado, desnaturalizado, desmanchado no ar.
História da cartografia amazônica El impulso cartográfico Apuntes sobre los mapas del río Putumayo o Içá de Rafael Reyes (1877) y Jules Crevaux (1883)
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