Com base nas informações coletadas em 41 entrevistas feitas junto a madeireiros, ex-madeireiros e colonizadores, determinou-se quais as espécies potencialmente madeiráveis, o valor de uso e a valorização econômica das espécies madeiráveis para os remanescentes da Floresta Estacional Decidual na região do Alto--Uruguai, SC, desde o início da colonização daquela região. A diversidade de espécies florestais de uso madeirável conhecida popularmente na região foi de 63 espécies. Contudo, em termos de dominância esse grupo reduz-se a 15 espécies. A maior dominância foi observada para as espécies Apuleia leiocarpa, Parapiptadenia rigida, Balfourodendron riedelianum, Nectandra megapotamica, Patagonula americana, Luehea divaricata, Cedrela fissilis, Ocotea diospyrifolia, Holocalyx balansae, Myrocarpus frondosus, Cabralea canjerana e Peltophorum dubium. As espécies de maior valor comercial foram Cordia trichotoma, Cedrela fissilis, Myrocarpus frondosus e Balfourodendron riedelianum. Já Schefflera morototoni, Aralia warmingiana, Machaerium stipitatum, Chrysophyllum marginatum e várias espécies da família Lauraceae apresentaram, no decorrer do tempo, incremento no uso e na comercialização. O valor de uma espécie é condicionado tanto pela qualidade quanto pela quantidade ofertada. Em geral, verificou-se uma evolução no valor das espécies bem como na indústria madeireira que utilizou várias maneiras para se adaptar às demandas desses produtos florestais.
A feijoa (Acca sellowiana), também conhecida como goiabeira-serrana, é uma espécie frutífera nativa do planalto meridional brasileiro e do norte do Uruguai. No Brasil, a espécie se encontra principalmente nos biomas Pampa e Mata Atlântica, neste último parte da fitofisionomia da Floresta Ombrófila Mista. A espécie foi introduzida em outros países, fora da sua área natural de ocorrência. O objetivo deste trabalho é analisar o processo de introdução e do uso da feijoa fora e dentro da sua área de ocorrência natural. Faz parte da História Ambiental estudar as relações dos homens e mulheres com o meio ambiente; desta forma, o estudo da domesticação da feijoa se insere neste contexto. Mesmo o Brasil sendo a principal área de ocorrência natural da feijoa, ainda é importador das frutas produzidas na Colômbia – maior país exportador da espécie. No Brasil, a feijoa tem se destacado ainda recentemente em termos de pesquisa e uso. A fruta, já bastante conhecida e utilizada no exterior, vem ganhando espaço no cenário nacional, possibilitando a manutenção de uma espécie nativa e auxiliando na conservação da floresta a qual ela pertence.Palavras-Chave: Feijoa; Domesticação de Plantas; Usos dos Recursos Naturais.
Resumo O artigo apresenta uma história do uso e da percepção dos agrotóxicos no estado de Santa Catarina, Brasil, entre as décadas de 1950 e 2000. As fontes primárias utilizadas foram diversificadas, como boletins técnicos, relatórios governamentais, censos agropecuários, notícias de jornais, dados do centro estadual de informações toxicológicas e entrevista com um técnico de referência no setor. Verificou-se que o uso e a percepção dos agrotóxicos passaram por diferentes fases em Santa Catarina, o que também ocorreu em outros lugares, e que as atitudes mudaram tanto devido às experiências individuais de técnicos e agricultores, como também pela influência do contexto cultural mais amplo da circulação das ideias ambientalistas a partir dos anos 1980.
RESUMO Na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, no Sudeste brasileiro, município de Mariana (MG), o rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, desencadeou o desastre da Samarco/Vale/BHP. O desastre não foi uma ocorrência natural, pois resultou da adoção de tecnologias e decisões técnico-administrativas, cujas responsabilidades criminais foram apontadas pelo Ministério Público. Os impactos foram diretos e indiretos sobre rios e terrenos aluviais; sobre as áreas de proteção ambiental, reservas florestais, flora e fauna; sobre os habitats, hábitos e os coabitantes rurais e urbanos; e sobre a zona costeira no estado do Espírito Santo. O artigo busca identificar a problemática que emerge do desastre, discutir as consequências do sentimento de incerteza e analisar a pertinência do desastre como objeto de investigação, sem desconsiderar o papel da mídia na sua construção como evento.
Vinhos de Altitude no Estado de Santa Catarina: a firmação de uma identidade ResumoNo presente artigo será abordada a história recente da vitivinicultura no estado de Santa Catarina -Brasil, discutindo os territórios que trabalham com os, assim denominados, "Vinhos de Altitude". Mostraremos que a vitivinicultura não pode mais ser percebida de forma idílica, como uma empresa de pequenos agricultores rurais. Atualmente, a produção de vinhos é vista como uma importante commodity, em que a conquista de prêmios em competições nacionais e internacionais abre os mercados para consumidores nacionais e internacionais. O estabelecimento de vinícolas com alto padrão de qualidade, visando as camadas sociais mais altas, tem crescido nos últimos anos.Palavras-chave: História Ambiental. Vinhos de Altitude. Commodity.
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