Neste artigo são apresentadas diretrizes para pensar o trabalho do pesquisador cartógrafo do ponto de vista da atividade, a partir de contribuições das Clínicas do Trabalho. O desdobramento dessas diretrizes leva à proposição de um gênero pesquisador-cartógrafo. A partir de uma pesquisa com docentes em instituições de ensino superior privada na Grande Vitória, são compartilhadas algumas reflexões sobre a complexidade das relações que constituem esse gênero pesquisador-cartógrafo. Nessa pista do método cartográfico considera-se que a atividade do cartógrafo é a constituição de um gênero sempre em vias de estilização, em meio a processos de aprendizagem e intervenções recíprocas. Esse gênero sempre toma como objeto uma atividade e tem como aposta metodológica a problematização da atividade do pesquisador, que convoca para o diálogo pesquisadores engajados num modo de fazer pesquisa que considera a experiência situada com suas irregularidades e imprevistos.
Este texto se propõe discutir as noções de qualitativo e quantitativo no âmbito da pesquisa cartográfica, com ênfase neste último. Estas estão articuladas na direção ético-política de um plano de inseparabilidade entre formas e forças, não restritas à perspectiva dicotômica entre "quali" e "quanti". A partir de dois casos de pesquisa, em suas específicas estratégias, um teste psicológico e um questionário de medição de transtornos mentais leves busca problematizar os efeitos da operação do quantitativo como uma das pistas possíveis ao método da cartografia: a noção de quantitativo como quantum de forças e do qualitativo como diferencial entre quanta de forças, imiscuídas na produção do real.
Este texto de cunho conceitual objetiva apresentar um estudo acerca das concepções de corpo presentes nas obras de Keleman e de Deleuze/Guattari, realizando um diálogo crítico que seja capaz de estabelecer uma linha de transversalidade entre os campos da clínica, da educação e da saúde. Apresentando conceituações destes autores e trazendo ainda alguns elementos nietzschianos e spinozanos para a discussão, pretendemos mostrar que um corporalismo capaz de transversalizar clínica, saúde e educação irá implicar-se eticamente em produzir alegria, porém, tomando-a como afeto que norteia o exercício educacional e promotor de saúde de ampliar a capacidade de agir e ser afetado.
Resumo Este trabalho objetiva extrair da teoria do paralelismo entre corpo e mente existente na filosofia spinozana algumas notas reflexivas e críticas para o campo da educação. Para tanto, a metodologia baseia-se em estudos conceituais focados nas partes II e III da obra Ética. Realizando um mapeamento de seis concepções que formariam o paralelismo psicofísico, este texto circunscreve críticas ao paradigma educacional dominante, bem como levanta algumas possibilidades de transformação. Trazendo, por exemplo, as concepções de que o objeto das ideias da mente são primeiramente as afecções do corpo e de que, ainda assim, o paralelismo preserva a autonomia entre os atributos pensamento e extensão, pretende-se aqui traçar a notação crítica de que um processo educacional só pode ser potente quando considera com igual importância a força do intelecto e a força da sensibilidade corporal. Deste modo, descobrir-se-á que as aprendizagens não mais se direcionarão no sentido de privilegiar ideias abstratas em detrimento do corpo, mas constituirão estudos voltados também aos afetos. Por fim, concluir-se-á que uma pedagogia capaz de compreender o paralelismo entre corpo e pensamento irá considerar a força de potencialização mútua existente entre os dois atributos, de maneira a conceber a alegria e a ampliação de realidades como seus intentos maiores.
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