O progresso tecnológico modificou as formas de interação entre os indivíduos. A psicanálise, enquanto método de investigação de processos mentais, resguarda pressupostos teóricos e técnicos, ao mesmo tempo que considera as mudanças sociais de cada época. O presente estudo visa investigar como as tecnologias de informação e comunicação são percebidas e utilizadas, por psicanalistas e pacientes, no contexto da clínica psicanalítica, bem como suas implicações na relação transferencial entre a díade. A pesquisa foi realizada com a utilização do método clínico-qualitativo. Participaram oito psicanalistas, os quais foram entrevistados a partir de um roteiro com questões disparadoras. Os dados foram examinados a partir da técnica de análise de conteúdo. Os resultados apontaram que as tecnologias invadiram os consultórios. Os profissionais entrevistados manifestaram resistências frente aos novos dispositivos no exercício da clínica psicanalítica e ressaltaram diferenças entre contatos presenciais e virtuais, considerando a relação transferencial entre a díade. Finalmente, verificou-se uma certa flexibilização no uso de tecnologias de informação e comunicação com os pacientes em situações emergenciais.
Durante a graduação, os acadêmicos de Psicologia realizam estágios obrigatórios nos serviços-escola das universidades, incluindo a modalidade de atendimento em psicoterapia individual. A relação transferencial estabelecida é atravessada por emoções advindas tanto do paciente quanto do psicoterapeuta, que podem contribuir tanto para o estabelecimento da aliança terapêutica quanto para o abandono do processo terapêutico. A transferência e a contratransferência têm sido abordadas pelos psicanalistas e psicoterapeutas em diversas publicações, mas percebe-se uma escassez de estudos sobre as emoções dos psicoterapeutas decorrentes da troca de terapeutas. O presente estudo visa identificar as emoções vivenciadas por psicoterapeutas aprendizes que assumiram casos de pacientes atendidos anteriormente por outros estagiários. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, por meio da construção de fato clínico psicanalítico, a partir da análise dos relatos pós-sessão do atendimento em psicoterapia psicanalítica de três pacientes. As emoções vivenciadas e relatadas pelos psicoterapeutas decorrentes da troca de terapeutas foram destacadas e analisadas como fatos clínicos psicanalíticos: preocupação em ser aceita e medo de ser rejeitada.
Com o advento tecnológico, as formas de comunicação se modificaram, incluindo o contexto da clínica psicanalítica. Se hoje é possível o contato via aplicativos digitais, como o WhatsApp e o Skype, anteriormente, psicanalistas como Freud, Bion, Klein, Lacan e Dolto se comunicavam por cartas e programas de rádio. Muitos aspectos teórico-metodológicos da psicanálise se desenvolveram permeados pelas correspondências entre os profissionais. Toda escrita é virtual e, a partir dela, verifica-se tanto o progresso dos conceitos psicanalíticos como a pessoalidade dos autores. Este estudo consiste em uma revisão narrativa, com o objetivo de descrever as formas de comunicação a distância utilizadas por psicanalistas ontem e hoje. Pôde-se compreender que os modos de comunicação se alteraram conforme as tecnologias disponíveis a cada época, fato importante para se refletir acerca da subjetividade dos indivíduos e seu reflexo na clínica psicanalítica.
Os primeiros atendimentos na clínica-escola desencadeiam vivências emocionais nos psicoterapeutas-aprendizes, advindas de suas primeiras experiências com os fenômenos transferenciais e contratransferenciais presentes entre o par analítico. O artigo tem por objetivo analisar as vivências emocionais, percebidas e relatadas por psicoterapeutas-aprendizes durante o atendimento a crianças em psicoterapia psicanalítica. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, a partir da análise documental de relatórios dos atendimentos clínicos. A amostra foi constituída por sete psicoterapeutas-aprendizes, seus pacientes, com idades de 4 a 12 anos, e seus familiares. A partir da análise das vivências emocionais, foram construídas cinco categorias de emoção: angústia, alegria, insegurança, preocupação e satisfação. O estudo possibilitou refletir sobre as potencialidades das vivências emocionais dos aprendizes na clínica infantil. Além disso, demonstrou a importância da supervisão como espaço de escuta e acolhimento das emoções do psicoterapeuta-aprendiz e seus desdobramentos no atendimento às crianças na clínica psicanalítica.
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