aO economista francês François Chesnais tem sido um dos mais importantes autores que contribuem para um melhor entendimento do processo de globalização em curso. A partir de sua obra de meados dos anos 1990 (Chesnais, 1996) sobre a mundialização do capital, seu trabalho intelectual é referência fundamental nos debates sobre este processo. Nos seus trabalhos posteriores mais conhecidos, Chesnais enfatiza a mundialização financeira (Chesnais, 1998) que é relacionada, entre outras coisas, a um significativo aumento de fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE). Estas reflexões mais recentes de Chesnais foram precedidas e fundamentadas em diversos trabalhos por ele realizados nos anos 1980 e início dos 1990 sobre a crise estrutural do capital da década de 1970 e pelas alterações no processo de internacionalização das grandes empresas transnacionais observados a partir de então, especialmente sob a forma de fusões e aquisições que acentuaram a concentração da produção e da comercialização mundiais (Chesnais, 1996).Desde então o IDE tem se constituído cada vez mais num componente importante do processo de globalização. Em 1980, o estoque de IDE correspondeu a aproximadamente 6,6% do PIB global; em 2007 ele chegou a 28,4% (UNCTAD, 2011).As empresas transnacionais (ETN) são as principais propulsoras deste fenômeno. De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), na década de 1990 havia 37.000 ETN com 175.000 subsidiárias no exterior. No final de 2007, elas já eram 79.000 com um total de 790.000 filiais estrangeiras. Sua importância na economia mundial é correspondente. Estima-se que as ETN geraram em todo o mundo, tanto no país sede quanto no exterior, um valor adicionado de aproximadamente US$ 16 trilhões em 2010, representando mais de um quarto do produto interno bruto (PIB) global. As trocas entre matrizes e filiais representavam, no mesmo período aproximadamente 60% do comércio mundial (UNCTAD, 2011).
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