Este texto aborda um modo de produção do espaço urbano que é problematizado a partir da arte. Nosso olhar crítico recai sobre um saber-fazer oriundo da arquitetura e do urbanismo, validado pelo mercado, seguidor de modelos de excelência e de conhecimento técnico formal, legitimado pela Academia – aqui identificado com a ideia de arquitetura maior. O fundamento teórico é a noção de menor em Gilles Deleuze e Félix Guattari (2015), entrecruzada com as noções de estética e política em Jacques Rancière (2009). Já o mote empírico é a prática artística do mexicano Héctor Zamora, aqui representada por dois trabalhos recentes: Paracaidista, Av. Revolución 1608 Bis, 2004; e Bar Las Divas (Sustracción/ Adición), de 2007. O resultado é um tensionamento, disparado pela arte, desse saber-fazer hegemônico. Nas experiências estéticas de Zamora, o tradicional movimento centro-margens é invertido para margens-centro, nos convidando a refletir sobre modos informais e menores de produção do espaço.
No cruzamento entre a Cidade, o Urbano e o Humano, entre saberes artísticos e científicos, este texto se coloca, propondo a sobreposição de distintas forças atuantes sobre um determinado espaço público. O local, muito emblemático, é a Plaza de la Constitución (ou el Zócalo, como é popularmente conhecida): a maior e mais antiga praça situada no centro da Cidade do México. Este espaço urbano ganha novas camadas e dinâmicas por meio das ações poéticas do artista belga-mexicano, Francis Alÿs, que ali desenvolve parte de seu trabalho. O artigo apresenta quatro dessas ações, realizadas entre 1994 e 1999, e discute sua capacidade de tensionar as temporalidades em jogo nas situações criadas e de provocar pensamento crítico e político acerca das sociabilidades e identidades urbanas que ali se agenciam. O conjunto de intervenções artísticas de Alÿs será debatido através do legado teórico de Lefebvre e da noção de direito à cidade; de Rancière e da relação entre estética e política;de Deleuze e Guattari a respeito de agenciamentos e territorializações. Os autores ajudarão a estruturar uma matriz de análise e, assim, lançar possíveis leituras acerca das contribuições do artista e de suas ações para o espaço público, trabalhando a partir do contemporâneo para falar dos muitos tempos que compõe o agora.
Este texto coloca em diálogo obras de Kiarostami com o processo projetual em urbanismo. Saímos de um enfoque espacial e territorializante, para pensar o projeto desde uma matriz temporal. Estabelecemos pontes a partir de sua filmografia por dois caminhos: a ideia de projetar o tempo, enquanto capacidade de imaginar e ficcionalizar realidades futuras, passadas e presentes; e a possibilidade de temporalizar o projeto, espaçá-lo, para torná-lo mais permeável a outras vozes excluídas do processo. A investigação é guiada pela pergunta: que contribuições o legado de Kiarostami pode provocar no processo projetual em urbanismo? Nesse debate, nos aproximamos teoricamente de Deleuze e Rancière e problematizamos práticas projetuais consensuadas em nosso campo. A proposta resulta na inclusão de um viés necessariamente político em uma práxis pretensamente neutra e técnica do projeto da cidade. Lançamos, então, a sugestão de operar pela ideia de pensar-fazer, como possível tensionamento ao tradicional saber-fazer projetual.
Com uma trajetória poética entrelaçada pela ideia de fábula, Francis Alÿs desenvolve ações que praticamente não deixam rastros materiais. Seus trabalhos partem de situações cotidianas onde o artista insere novas narrativas, possibilitando percepções e perspectivas inaugurais sobre determinados contextos. Este artigo busca estabelecer relações entre as fábulas criadas por Alÿs e suas contribuições para nossos discursos e práticas em situações limítrofes ou marginais, tanto entre territórios quanto entre fazeres urbanos diários.
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