Este artigo busca compreender a dinâmica das relações entre Brasil e União Soviética logo após o golpe civil-militar de 1964. Apesar da retórica anticomunista, das arbitrariedades e perseguições a elementos considerados subversivos e comunistas brasileiros, o regime que se instalou após a tomada de poder em abril de 1964 permanecia interessado na manutenção de boas relações com a superpotência euroasiática. Argumenta-se que o comércio tevepapel relevante nesse período, levando à busca por uma institucionalização das relações interestatais, visando a retomada das conversações acerca de assistência soviética a grandes projetos de infraestrutura no país. Dentro dessa chave de entendimento, a URSS poderia desempenhar um papel relevante na industrialização do Brasil. Em 1967, o Brasil retomava o posto de principal parceiro comercial da URSS na América Latina (excetuando-se Cuba). No entanto, as cifras eram inferiores em comparação às trocas no biênio 1962-63. Este artigo busca evidenciar como esforços de reaproximação foram importantes para moldar ações de cooperação econômica e estratégica posteriores entre os dois países.
Resumo
Este artigo analisa o malogro da cooperação econômica e técnica entre a Companhia Industrial de Rochas Betuminosas (CIRB) e a União Soviética no setor de gás de xisto. Em 1959, a CIRB assinou um contrato preliminar que previa o fornecimento de equipamento soviético e a montagem de uma usina piloto para a produção de gás e materiais de construção a partir do xisto do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo (SP). Argumenta-se que a Petrobras, ao defender de maneira contínua a inclusão da lavra e industrialização do xisto no monopólio estatal, teve influência decisiva para que a CIRB não obtivesse o aval governamental para o financiamento soviético. A empresa paulista entraria com pedido de falência em 1973. Utilizando, em sua maior parte, fontes primárias brasileiras, o artigo conclui que a Petrobras temia o impacto que a quebra do monopólio estatal do xisto pudesse ter em seus interesses, os quais considerava basicamente equivalentes ao interesse nacional.
Este é um artigo publicado em acesso aberto e distribuído sob os termos da Licença de Atribuição Creative Commons, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Abstract This article argues that the visit of cosmonaut Yuri Gagarin to Brazil in 1961 illustrated a change in the perception of part of the Brazilian political elites about the USSR. It analyses how the shift of the Soviet self-representation abroad affected the image of the USSR in Brazil and, consequently, the terms of the domestic debate regarding the Cold War.
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