Este trabalho procura delinear a atual situação do ensino de espanhol como língua estrangeira para crianças brasileiras. Partimos das questões legais que envolvem a aprendizagem e o ensino a crianças nos primeiros anos do Ensino Fundamental e que apresentam uma lacuna na qual é possível incluir o ensino de língua estrangeira antes do proposto nas referidas leis. Apoiamo-nos, também, nas teorias de desenvolvimento propostas por Piaget (1967) e Vygotsky (1993) que descrevem as etapas pelas quais as crianças passam. Fundamentamo-nos, ainda, nos postulados sobre aquisição/aprendizagem de línguas estrangeiras de Krashen (1995) bem como na hipótese do input compreensível, na medida em que entendemos que interage com a teoria vygostkyana sobre a zona de desenvolvimento proximal (ZDP). Além disso, tomamos como base os estudos de Cameron (2001) sobre ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras para crianças, nos quais são criticados alguns pontos da teoria de Piaget, entre eles a limitação etária que o pesquisador afirmava que as crianças apresentam. Valemo-nos, ainda, do trabalho de Carranza (2002) que concorda com a hipótese do filtro afetivo formulada por Krashen que, segundo aquela pesquisadora, atua diretamente no processo de aquisição da língua estrangeira. Este artigo, com base na pesquisa no qual se apóia, oferece, também, algumas sugestões de atividades para o ensino de línguas estrangeiras para crianças e, por fim, recomenda a implantação de cursos de formação de professores de espanhol como língua estrangeira para crianças, uma vez que, até este momento, não se tem notícia da existência de um programa como esse.
O presente estudo parte de uma breve discussão sobre o papel da compreensão leitora em língua estrangeira - espanhol - nos cursos de idiomas, bem como sobre as concepções de leitura que subjazem em alguns documentos oficiais, como no Quadro comum europeu de referência para as línguas: aprendizagem, ensino e avaliação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto para o ensino médio quanto para o ensino fundamental. Num segundo momento, tecem-se comentários acerca de como a compreensão leitora é avaliada em alguns exames de vestibular em língua estrangeira. Nossa hipótese inicial centrava-se na existência de coerência entre as orientações oficiais, o que efetivamente deveria ser valorizado nas aulas de idiomas do ensino médio e o conhecimento exigido dos candidatos nas provas de seleção para ingresso em cursos superiores. Nossas análises revelaram, entretanto, uma discrepância significativa entre os três pontos tomados como referência: embora as diretrizes postulem que o ensino de idiomas deva valorizar o desenvolvimento da competência comunicativa dos aprendizes, é freqüente a prevalência - seja nas aulas, seja nos exames seletivos - de uma concepção tradicionalista do ensino de línguas estrangeiras, que privilegia o conhecimento lingüístico pautado no domínio da metalinguagem e de regras gramaticais, assim como no conhecimento lexical. A ênfase nesses aspectos gera, como uma de suas conseqüências, a restrição significativa da função da compreensão leitora na medida em que o texto assume a função de um simples pretexto para a aferição dos conhecimentos lingüísticos dos candidatos, o que sugere a necessidade de realizar pesquisas específicas destinadas a detectar as causas das divergências constatadas e a apontar caminhos que possam evitá-las ou, ao menos, minimizá-las.
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