O mundo vem testemunhando a rápida disseminação dos casos confirmados da síndrome respiratória aguda por meio do coronavírus (Sars-CoV-2 Covid-19). Nos primeiros meses de pandemia, as estatísticas indicam que as grandes cidades tornaram-se palcos destacados de contágio e disseminação da Covid-19. Diante desse cenário, o presente estudo oferece argumentos que auxiliam na construção e aferição preliminar de três hipóteses: a estrutura urbana e a organização das cidades interferem na taxa de distanciamento social e, portanto, no ritmo de contágio da doença; na cidade, a forma com que o sistema de transporte de pessoas está estruturado desempenha papel relevante no ritmo de disseminação da Covid-19; e a pandemia e as práticas de distanciamento físico e social alteram os padrões de mobilidade intraurbana. Analisam-se dados nacionais e regionais disponíveis em órgãos oficiais e outros trabalhos empíricos sobre a Covid-19 à luz de estudos teóricos sobre mobilidade urbana. Em seguida, por método indutivo, é feita uma associação destes dados aos diferentes modelos de cidades (compacta x espraiada), considerando, em especial, aspectos de mobilidade urbana. Os argumentos desenvolvidos nesse estudo parecem corroborar o teor central das hipóteses apresentadas. É preciso desenvolver modelos que incorporem estes elementos para avançarmos na compreensão da pandemia e, também, de elementos que auxiliem na construção de cidades mais resilientes a fenômenos como a Covid-19.
Considerando o recente surgimento de vacinas eficazes contra a Covid-19 e os escassos recursos para atender imediatamente à maior parte da população mundial, as sociedades precisam definir a ordem em que os grupos de cidadãos terão acesso às novas vacinas. As campanhas de vacinação devem priorizar a imunização de indivíduos vulneráveis e encarregados de ajudar outras pessoas, reduzindo as perdas humanas e minimizando os danos sociais e econômicos. No Brasil, os usuários de transporte público nas grandes cidades apresentam altos níveis de vulnerabilidade, diante de fatores relacionados à configuração espacial, à organização dos sistemas de transporte e ao alto percentual de pessoas de baixo nível socioeconômico em grandes periferias que dependem exclusivamente do transporte público para acesso a empregos e serviços básicos. A imunização dos usuários do transporte público pode produzir efeitos práticos relevantes no combate à Covid-19 no Brasil, tais como economia de recursos públicos, redução do número de óbitos e maior eficiência no controle setorizado da doença nas cidades. Portanto, sugerimos que os formuladores de políticas devem considerar os usuários frequentes de transporte público das grandes cidades brasileiras como um grupo-alvo nas campanhas de vacinação, dando a esse grupo um certo nível de prioridade com base em um mapeamento de risco adequado em nível local.
No início de 2020, assentamentos urbanos em todo o mundo experimentaram a rápida expansão da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). As cidades foram os focos de contaminação nos países que apresentaram notificações significativas de Covid-19. Neste estudo, investigamos primeiramente a disseminação do novo coronavírus entre cidades espraiadas e compactas, examinando aspectos como densidade urbana, localização de pessoas e empregos e padrões de deslocamento. Nessa análise, a literatura anterior e os dados recentes de três grandes cidades distintas (Nova York, Los Angeles e São Paulo) apoiam a discussão. Com base na revisão da literatura, demonstra-se que a morfologia urbana, a infraestrutura e os projetos de mobilidade e atividades econômicas são aspectos relevantes do desenvolvimento urbano que podem afetar as interações entre os cidadãos e a disseminação da Covid-19. Além disso, observa-se que a escala regional e a análise da rede urbana também são importantes nos estudos que investigam o crescimento da Covid-19. Por fim, a revisão da literatura mostra que a vulnerabilidade socioespacial urbana é relevante em tempos de pandemia, diante das associações entre a disseminação da Covid-19 e aspectos socioespaciais nas cidades, como pobreza e desigualdade.
RESUMO A geração de resíduos está aumentando em função do crescimento da população, urbanização e desenvolvimento econômico, especialmente nos países em desenvolvimento. O conhecimento do quantitativo de resíduo de construção e demolição gerado por meio de previsões pode auxiliar os tomadores de decisões a adotarem práticas mais eficientes de gestão, sendo fundamentais para prevenir o desenvolvimento dos problemas ambientais. O objetivo deste artigo foi desenvolver um modelo de previsão de geração dos resíduos de construção e demolição para cidades brasileiras de médio porte populacional, utilizando como estudo de caso o munícipio de Varginha (MG). Foi elaborado um modelo linear múltiplo (R2 = 0,880), empregando como variáveis independentes a expansão urbana, o Produto Interno Bruto (PIB) e o PIB per capita para prever o quantitativo de resíduo de construção e demolição gerado em 2020 e a quantidade de resíduo que será produzida em 2040 no município. Os resultados da aplicação do modelo indicaram aumento de 18,27% no quantitativo de resíduo de construção e demolição gerado no município, quando comparados o cenário de 2020 (39.940 t) e de 2040 (47.238 t). Também foi verificada a eficiência do modelo ao aplicá-lo em outras seis cidades brasileiras de similar porte populacional e que possuíam pesquisas sobre a geração de resíduo de construção e demolição. A diferença do quantitativo de resíduo de construção e demolição obtido pelos autores e os calculados pelo modelo foram inferiores a 13%. Os resultados desta pesquisa podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias de gestão de resíduos de construção e demolição eficientes, já que fornece uma ferramenta para resolução dos problemas ambientais atuais e também permite a adoção de ações proativas para a correta gestão em cenários futuros.
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