Introdução: Dentre alterações que ocorrem após o AVC, existe a heminegligência. Nessa condição, o indivíduo negligencia o hemicorpo comprometido, impactando diretamente a sua funcionalidade. Objetivo: Descrever o perfil dos indivíduos com características de heminegligência após AVC. Métodos: Estudo transversal com indivíduos assistidos numa Unidade de AVC da cidade de Salvador, Bahia. Foram coletadas variáveis sociodemográficas, clínicas e funcionais e as seguintes escalas foram aplicadas: National Institutes of Healthy Stroke Scale; a Escala de Rankin Modificada e o Line Bisection e o Star Cancellation para avaliação das características de heminegligência. Os dados foram avaliados pelo SPSS (13.0). As variáveis categóricas foram apresentadas em termos absolutos e/ou frequência relativa. Na análise bivariada foi utilizado o teste Exato de Fisher para variáveis categóricas, o teste Mann-Whitney foi utilizado para variáveis contínuas. O nível de significância estatística adotada foi de p ≤ 0,05. Resultados: Foram coletados dados de 269 indivíduos. Destes, 19 (7%) apresentaram características de heminegligência. Dos indivíduos com heminegligência visual, 11 (79%) eram do sexo masculino, com média de idade de 62,9 ±12,0 anos e a média do tempo de internamento foi 11,2 ±10,5. Oito (57%) tiveram AVC isquêmico, oito (57%) lesão no hemisfério esquerdo, a mediana da gravidade do AVC foi 8 (2-20), da incapacidade foi 1,2 (1-5). Dos indivíduos com heminegligência visual e tátil, três (60%) eram homens, mais velhos 68,0 ±15,6, três (60%) tiveram AVC isquêmico e três (60%) a lesão no hemisfério direito e tempo de internamento de 13,3 ±6,8 dias, com mediana da gravidade do AVC 8 (7-14) e da incapacidade 5 (1-5) pontos. Não foram encontradas significância estatística em nenhuma das análises. Conclusão: O perfil dos heminegligentes é de indivíduos do sexo masculino, aposentados, com baixa escolaridade, hipertensos, com maior incidência de AVC isquêmico e comprometimento funcional grave.