Introdução: As leishmanioses são um complexo de doenças infecciosas com amplo espectro de manifestações clínicas, variando de formas cutâneas à uma forma visceral. Apresentam diversas características clínicas e com diferentes graus de gravidade a depender da espécie parasitária envolvida e da resposta imune do hospedeiro1. A Leishmaniose Visceral (LV) é a forma clínica mais grave, resultando em altas taxas de morbidade e mortalidade caso não seja tratada adequadamente2. Com as limitações dos atuais tratamentos para a LV, como a resistência do parasito e a alta toxicidade3, aumenta a necessidade da busca por novos candidatos terapêuticos mais eficazes e seguros. Dentre os produtos naturais, os microrganismos fotossintetizantes de origem marinha estão se destacando, devido a sua diversidade de metabólitos bioativos e suas propriedades biológicas4,5. Objetivo: Avaliar in vitro os índices de seletividade do extrato bioativo da Chlorella vulgaris e compará-lo com a droga de referência para o tratamento da leishmaniose visceral humana. Métodos: O extrato bioativo foi obtido após cultivo da microalga, através do processo de sonicação. Células mononucleares do sangue periférico de humanos saudáveis foram tratadas com o extrato e com a droga de referência (antimoniato pentavalente - Sbv) em concentrações seriadas de 1000μg/ml a 62,5μg/ml e, a partir disso, a concentração citotóxica de 50% (CC50) foi determinada através de ensaios de viabilidade celular pelo método de MTT. Promastigotas de Leishmania infantum foram tratadas com o extrato bioativo e com o Sbv em concentrações seriadas de 500μg/ml a 15,63μg/ml para determinação da concentração inibitória de 50% (IC50) através de contagem celular por microscopia óptica. Os índices de seletividade (IS) foram determinados pela razão entre o valor de CC50 e IC50. Resultados: O extrato de C. vulgaris apresentou uma menor toxicidade às células humanas (CC50=999,66μg/ml) quando comparado com a droga de referência (SbV= 412,43μg/ml). Em relação a IC50, quando comparado com o Sbv, o extrato demostrou uma maior atividade leishmanicida (IC50= 192,12). Ao determinar o IS do extrato, foi possível observar que este indicou ser cerca de 5 vezes mais seletivo ao parasito do que às células humanas (IS= 5,2). Enquanto o Sbv expressou uma menor seletividade ao parasito (IS= 2,11). Conclusão: Diante dos resultados obtidos, o extrato bioativo de Chlorella vulgaris apresenta-se promissor. Os resultados contribuirão para futuros estudos para o desenvolvimento de novas terapias para o tratamento da leishmaniose visceral humana.
Introdução: O regime terapêutico utilizado no tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é direcionado apenas para morte do parasito, não exerce influência sobre a resposta imune do hospedeiro (1, 2). Desta forma, é essencial desenvolver novos alvos terapêuticos que possam estabelecer uma modulação entre os perfis Th1 (inflamação/proteção) e Th2 (suscetibilidade a infecção), para uma futura cura clínica (3). Estudos com produtos naturais, como a microalga Chlorella vulgaris (CV), estão sendo considerados promissores por apresentarem potencial para atividades terapêuticas e antiparasitárias (4, 5), com facilidade e baixo custo de produção. Objetivo: Assim, o objetivo deste estudo é avaliar in vitro o preliminar potencial terapêutico da C. vulgaris pela obtenção do Índice de Seletividade (IS). Métodos: O extrato de CV foi obtido após cultivo, por sonicação. Para obtenção do IS, utilizou-se Células Mononucleares do Sangue Periférico (PBMC) de humanos, para a determinação da Concentração Citotóxica de 50% (CC50), pelo método de MTT, e ensaios de concentração inibitória de 50% (IC50), em células promastigotas de Leishmania braziliensis, através de contagem celular por microscopia óptica. Ambos os ensaios foram tratados com o extrato de CV e as drogas de referência (DR) (antimoniato pentavalente [SbV] e miltefosina), em concentrações seriadas entre 1000μg/mL e 62,5μg/mL para a CC50, entre 500μg/mL e 0,1 μg/mL para a IC50. O valor de IS foi determinado pela razão entre a CC50 e IC50. Resultados: Para os ensaios de CC50 em PBMC humano, verificou-se baixa toxidade demostrada pela elevada viabilidade celular com o extrato de CV (999,66μg/ml), quando comparado com as DR (SbV= 412,46μg/ml e Miltefosina=159,49μg/ml). Além disso, a IC50 do extrato de CV (144,93μg/ml) apresentou baixa toxicidade para a L. braziliensis, com dados próximos ao do Sbv (119,76μg/ml), mas a Miltefosina (IC50=1,02μg/mL) apresentou uma maior atividade leishmanicida, porém foi o mais tóxico para células humanas. O IS do extrato de CV (IS=6,9) obteve resultado superior ao do Sbv(IS=3,44), apresentando maior seletividade contra o parasito e menor toxidade para as células humanas, e a miltefosina possui o maior valor, sendo 100 vezes mais seletivo para o parasito. Conclusões: Portanto, com base nos dados obtidos o extrato de CV, não tóxico para células humanas e seletivo contra o parasito, possui potencial para futuros estudos in vivo com base no desenvolvimento de novas terapias contra LTA.
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