Pretende-se atentar às práticas artísticas contemporâneas que versam sobre a Guerra Colonial Portuguesa, tomando como caso de estudo um conjunto de obras do artista Sandro Ferreira (1975). Ferreira faz parte da segunda geração da Guerra Colonial: a dos filhos da Guerra, aquela que não a viveu diretamente e que Marianne Hirsch designou de “geração da pós-memória” (2012). Na demanda que urge, para recordar este episódio da nossa História coletiva e de compreender uma história que, com frequência, coabita, silenciosa, nas nossas casas, Sandro Ferreira resgata e expõe pequenas memórias, colecionando e apropriando-se, na sua prática criativa, de memorabilia de Guerra e, sobretudo, de arquivos privados como cartas ou fotografias pessoais. Deste modo, pretende-se, a partir do trabalho criativo de Sandro Ferreira, indagar sobre o modo como as artes visuais se podem tornar, contemporaneamente, ferramentas contra o silêncio ou o esquecimento.
A partir da pesquisa realizada no Museu do Aljube -Resistência e Liberdade, compreendida no âmbito de uma investigação de doutoramento 1 , o presente artigo pretende dar conta das subjetividades, experiências e memórias, que, para além do circuito da exposição, mapeiam a sua visita, corroborando a conceção de Laurajane Smith, de que o património mais do que um lugar, é o que nele acontece (Smith 2006, 4). Trata-se de um museu que inaugurou no ano de 2015, na cidade de Lisboa, instalado num espaço que, durante a ditadura e ao longo de quase quatro décadas, serviu de prisão política. Tendo aberto as suas portas mais de 40 anos após o 25 de Abril de 1974, propus-me compreender o que motivou a sua abertura -e a ausência, até então, de um processo de patrimonialização desta natureza -que sentidos são entretecidos por quem o visita em democracia e por aqueles que o experienciaram enquanto cárcere, durante a ditadura. O recente foco ou premência da memória, do ponto de vista cultural e político, tem sido apontado por autores como Andreas Huyssen como uma das principais preocupações das sociedades ocidentais (Huyssen 2003, 21). De acordo com Memórias e experiências para além da exposição: (re)visitar o passado no Muse...
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