No contexto de uma visão integradora da personalidade, a identidade surge como necessidade, procura e construção individual do sentido num tempo. É na cultura e na apropriação criativa dos guiões por ela transportados que o indivíduo se reconhece e unifica. Inerente a este esforço de coesão identitária, tapeçaria onde aspectos desavindos do self alcançam novas coerências, encontra-se a noção de história pessoal. É na permanente elaboração narrativa que o sujeito reconstrói o passado, percebe o presente e se projecta no futuro. As histórias de vida (HV) emergem assim como mostruário exemplar deste processo, método que, pelas suas qualidades, permite o acesso ao tecer subjectivo de um vivido que é também portador de uma cultura. A participante, habitante de um interior rural português empobrecido, envelhecido e desertificado, surge como uma das últimas testemunhas de um sistema cultural em que a força e preponderância dos guiões tradicionais assegura a priori a integração identitária. No presente estudo, a recolha e análise da sua HV permite-nos revelar a influência marcante do setting ideológico católico na maneira como teceu a sua narrativa da identidade.
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