Em 1905, Freud 7a publicou a primeira notícia acerca das possibilidades do tratamento psicanalítico na infância, relatando o caso do pequeno Hans, criança de 5 anos de idade, vítima de fobias de cavalos; Freud acompanhou o caso à distância, pois viu a criança uma única vez; o pai do menino vinha contar-lhe o que se passava e, orientado por Freud, revelava à criança as interpretações dos seus atos, reagindo bem o menino ao tratamento. Em 1913, Freud 7b assinalou a contribuição da psicanálise para a pedagogia, lançando advertências acerca das manifestações da sexualidade infantil, das conseqüências do recalcamento excessivo, do papel da sublimação na vida dos jovens, etc. Em 1916, Oscar Pfister 17 tornou-se o líder da psicanálise aplicada à educação, cognominada de pedanálise.
Na maioria dos casos, os pais não são os que primeiro cogitam de submeter as crianças a exames e tratamentos médico-psicológicos. Na infância, só ocorrem, com relativa raridade, os transtornos propriamente neuróticos ou psicóticos, suscetíveis de serem reconhecidos como mórbidos aos olhos do grande público. Com a máxima freqüência, observam-se os chamados problemas de comportamento, não dependentes de lesões orgânicas e, sim, de fundo psicógeno % estabelecidos pelas condições desfavoráveis do ambiente doméstico e, principalmente, pelas atitudes desastradas dos pais 12 . Diante de tais reações das crianças, as famílias geralmente as catalogam como manifestações de mal-humor, dificuldades de educação ou maus hábitos, suscetíveis de correção à custa de medidas educacionais e não da alçada dos médicos. Muitos pais mesmo se impacientam e protestam quando se surpreendem advertidos de que os problemas dos filhos^ existem em função das suas atitudes errôneas e, em benefício da saúde das crianças, também necessitam submeter-se a tratamentos psicoterápicos e outros, sob orientação médica competente. Na atualidade, em vista da imensa influência do ambiente doméstico na mente infantil, muitos autores, em obras acessíveis ao pais, vêm divulgando as normas de educação psicológica indispensáveis ao desenvolvimento satisfatório das crianças na intimidade dos lares. Com muito maior freqüência, os professores, diante das irregularidades de aprendizagem e de conduta das crianças nas escolas 1 V têm excelente oportunidade para enviar os casos às Clínicas de-Orientação Infantil, onde serão devidamente examinados, diagnosticados e assistidos. No despistamento e correção dos problemas da conduta das crianças, o professor desempenha papel da maior relevância, ao lado da assistente social, da psicóloga e dos demais elementos da equipe neuropsiquiátrica infantil 16 . Acima de todos, ,os médicos, mormente os pediatras, no exercício da profissão, têm ocasião de surpreender numerosos casos de crianças-problemas e de enviá-los às Clínicas de Orientação Infantil. Em vista da delinqüência infantil constituir uma expressão de desajustamente no meio social, um Aula proferida em 18-4-51 no Curso de Psiquiatria e Medicina Psicossomátiça da Criança,
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