O artigo apresenta resultados de uma pesquisa empíri-ca que revelou uma intensa atuação de controle societal relacionada com a provisão de serviços públicos de saúde e assistência realizada em regiões de baixa renda em São Paulo. O foco microterritorial adotado permitiu tornar visí-veis os atores coletivos que, contrariando as proposições da literatura, não constituem protagonistas dos seus respectivos setores e não restringem ações de controle societal aos espaços de participação institucionalizada.
Resumo Este trabalho objetiva compreender os desafios que se impõem à cidadania com o advento do fenômeno do hiperconsumo na sociedade brasileira pela perspectiva das teorias que procuram entender as implicações da centralidade do consumo na sociedade contemporânea. Esse objetivo surge da reflexão sobre o aumento gradativo das muitas políticas governamentais de incentivo à bancarização, ao acesso facilitado ao crédito, bem como à criação de planos sociais de distribuição de renda e aumento dos salários ocorridos nos últimos anos e seus possíveis impactos sobre a cidadania. Em termos metodológicos este trabalho é um ensaio teórico. Como resultados, aponta-se que produzir uma cultura de consumo hedonista em nossa sociedade poderia enfatizar o individualismo em detrimento das demandas coletivas. Ou seja, as políticas públicas implementadas no período poderiam ter como uma de suas consequências, ainda que indiretas, o estímulo à cidadania pela inclusão do consumo, considerada um processo de construção desigual, despolitizador e alienador da cidadania. Portanto, dizer que pelo consumo as pessoas se tornarão socialmente incluídas minimizaria os efeitos sociais decorrentes da desigualdade social presente em nosso país e ainda contribuiria para que o exercício da cidadania fosse confundido apenas com a inclusão monetária no mercado de consumo. Em outras palavras, contribuiria para que as distâncias existentes entre as classes sociais diminuíssem pelo consumo, ou pela ilusão de que o consumo as colocasse em uma classe superior, podendo comungar dos benefícios propiciados pelo capital econômico.
O portal e-Democracia da Câmara dos Deputados tem o propósito de permitir à população espaço para colaborar sobre temas relativos ao processo legislativo. As novas ferramentas digitais embutem um discurso modernizante e tornam-se cada vez mais populares, influenciando o contexto democrático, uma vez que afetam as condições de participação da sociedade. Sob o prisma da análise científica é necessário exercer um olhar crítico do processo, de modo que ele possa ser considerado a partir das suas potencialidades e também de suas limitações. Nesse contexto, o principal objetivo foi investigar os limites e as possibilidades do portal e-democracia na realização de seu propósito de promover a interação entre a Câmara dos Deputados e a sociedade. Para tanto, realizou-se investigação qualitativa, de natureza exploratória, com adoção do método estudo de caso. Após coleta de dados, o corpus (reunião documentos, anotações de observação e transcrições de falas realizadas em grupo de foco) foi submetido à análise de conteúdo. Os reultados demonstraram que uma das principais limitações do e-Democracia está relacionada com a participação restrita dos deputados, o que gera certo sentimento de frustração dos usuários da sociedade. Todavia, os servidores da Câmara responsáveis pelo e-Democracia demonstraram acreditar no potencial da ferramenta eletrônica e no ecossistema de participação proporcionado por ela para fortalecimento da democracia.
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