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A complexidade do contexto socioeducativo de restrição de liberdade torna necessária a realização de pesquisas no campo educacional, que atendam às suas especificidades e apontem alternativas para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que favoreçam as ressignificações das trajetórias dos jovens internos. Neste artigo, apresenta-se a abordagem autobiográfica, a partir das motivações dos adolescentes, como uma possível estratégia pedagógica para esse fim. Trata-se de uma pesquisa qualitativa participante, cujo objetivo foi compreender os limites e as possibilidades da oficina interventiva voltada para a promoção de valores pró-sociais com uso de método autobiográfico na Unidade de Internação Socioeducativa de Planaltina, Distrito Federal. Em quatro meses de intervenção autobiográfica, com encontros semanais, oito adolescentes dialogaram sobre suas histórias de vida e vivências cotidianas. As análises de conteúdo dos registros de diário de campo, de redações, de entrevistas semiestruturadas e a produção de um vídeo autobiográfico coletivo sugeriram ter havido autoconfrontação crítica das escolhas, resgate de memórias de infância esquecidas, redescobertas de potencialidades para ressignificação de seus projetos de vida. Abordagens e intervenções autobiográficas podem ser desenvolvidas em ambientes socioeducativos de internação. É uma estratégia com amplo alcance didático que não requer muitos recursos. Pode ser uma opção pedagógica a ser considerada por educadores envolvidos com a formação ética dos estudantes em contextos ligados à socioeducação.