Neste artigo, analisamos como estudantes construíram discursivamente articulações entre os domínios conceitual, epistêmico e social do conhecimento científico. A turma investigada estava no 1° ano do Ensino Fundamental e estudava a biologia de um inseto. Para construção e análise de dados, utilizamos aspectos da Etnografia em Educação. Foi realizada observação participante, registros em áudio e vídeo, além de coleta de artefatos produzidos pelos estudantes. Os resultados indicam que o uso de recursos instrucionais, organizados em torno do trabalho com perguntas, geraram diferentes caminhos para as articulações entre os três domínios, evidenciadas no discurso oral dos participantes. A ênfase no par [epistêmico+social] conferiu um caráter mais investigativo ao contexto instrucional, possibilitando a melhor compreensão do processo de construção do ensino de ciências por investigação. Discutimos implicações para a prática pedagógica e para pesquisa em Educação em Ciências.
O objetivo deste artigo é discutir como a constituição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) interpela especificidades da área de Ciências da Natureza. A partir do contraste entre as três versões da BNCC, indicamos transformações que comprometem a educação em ciências. Especificamente, destacamos como a versão atual gira em torno aspectos conceituais e não favorece a articulação entre outros domínios do conhecimento científico escolar, como a contextualização social e histórica, as práticas investigativas e a linguagem das ciências. Discutimos implicações destas e outras alterações, que indicaram a necessidade de mais tempo para um aprofundamento na elaboração e implementação do documento, bem como a importância de se estabelecer um diálogo com indicações já consolidadas no campo da Educação em Ciências.
Scientific knowledge is a human and social construction, considering that social practices and actions standardized by certain scientific communities, which are recognized and internalized among its members, guide scientific work, that is, the processes of production, communication, evaluation and legitimization of what counts as a valid knowledge claim (Kelly, 2008).
One of the challenges for analysing science classroom discourse is a better understanding of intercontextual relationships in the learning process. In this paper, we used orientations from ethnography in education to organise and propose an analytical metaphor called the hourglass approach. It involves three phases of analysis that correspond to the parts of the hourglass. The first phase involves obtaining a continuous cross section of classroom history and the intersections between sociocultural contexts and the science learning contexts, throughout this track record. The second phase involves discourse analysis of few selected events is the vertex of the hourglass. Finally, in the third phase, the analysis of interactions is focused on intercontextual relationships for the interpretation of science learning opportunities. We illustrate this approach based on interactions during science lessons in a first-grade class. In particular, we discuss, in greater detail, how a meaningful intercontextual element in the participants' group (i.e. the gender norm), intermingled with the engagement of students in practices from the conceptual, epistemic and social domains of scientific knowledge.
Danusa Munford BrasilO uso evidências em aulas de ciências vem se consolidando como uma prática importante a ser desenvolvida desde o início do processo de escolarização. No presente estudo, investigamos como uma turma do 3° ano do Ensino Fundamental construiu discursivamente a prática de uso de evidências. Baseamo-nos na perspectiva da etnografia em educação, utilizando ferramentas teórico-metodológicas da Microetnografia e Etnografia Interacional. Caracterizamos "modos de fazer" relacionados ao uso de evidências com base no uso de recursos discursivos: palavras/expressões que foram enfatizadas pelos participantes ao longo de interações face a face, através de pistas contextuais da fala, como alterações na entonação/volume e momentos de pausa. Indicamos como esses modos de fazer se transformaram ao longo do tempo e como os participantes negociaram um modelo compartilhado na construção de respostas usando evidências. Discutimos também implicações metodológicas para a pesquisa em argumentação na área Educação em Ciências e para prática pedagógica.Palavras-chave: Uso de Evidências; Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Etnografia em Educação, Argumentação, Ensino e aprendizagem de Ciências.The use of evidence in science lessons has been considered an important practice to be developed in science education. In this study, we investigate how 3 rd graders constructed discursively the practice of using evidence. The theoretical and methodological framework of the study was grounded in Microethnography and Interactional Etnography. We characterize "ways of doing" related to evidence use based on the use of discursive resources: words/expressions that were emphasized by the participants in face-to-face interactions, through contextual cues of speech, such as intonation/volume shifts and pausing moments. We indicate how these ways of doing have changed over time and
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