Resumo: O presente trabalho é fruto de uma intervenção realizada com um grupo de alunos de uma ONG da cidade do Rio de Janeiro, dedicada ao ensino de música clássica para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. O trabalho de campo se deu em um contexto de educação não-formal, visando conceber a clínica psicanalítica em uma perspectiva ampliada e, ainda, inserir a psicanálise como uma prática capaz de produzir efeitos clínico-políticos. A partir do Diário de Campo produzido ao longo dos encontros, reflexões são tecidas no sentido de analisar quais as repercussões do espaço grupal de acolhimento e de escuta ofertado aos jovens, em um entrelaçamento de teoria e prática.
O presente trabalho é fruto do projeto “Jovens em situação de vulnerabilidade social: entre o trauma e o reconhecimento” desenvolvido com bolsa de iniciação científica concedida pela FAPERJ. Ao longo do trabalho, observamos que a emergência de pequenos testemunhos mobilizava os participantes. Embora a narrativa fosse de uma experiência dolorosa, o posterior acolhimento atuava como potencializador de vínculos sociais. Nesse sentido, propomos examinar a função clínica do testemunho para a atuação dos analistas em contextos de precarização, onde há o enfraquecimento dos laços discursivos. Para isso, partimos da premissa que a vivência em condições precárias é potencialmente traumática e excludente, ainda que haja um esforço psíquico de reduzir a importância dessas situações, banalizando o sofrimento oriundo da violência simbólica a que estão submetidos. Nossa aposta é que a escuta analítica pode operar como um instrumento de cuidado, tendo na coletividade a força para o resgate e manutenção do laço social.
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