RESUMO O objetivo deste artigo é discutir as estratégias utilizadas por diferentes grupos de pessoas que ouvem vozes, para o enfrentamento de tal experiência. Trata-se de um estudo etnográfico realizado junto a grupos italianos de ouvidores de vozes. Os dados, que foram obtidos no período entre outubro de 2014 e janeiro de 2016, através da observação participante, com registros em diários de campo, demonstram que estratégias de enfrentamento em espaço grupal, tais como o diálogo com as vozes, a busca de informação e a escrita sobre as mesmas são importantes para a superação das dificuldades decorrentes dessa vivência e estimulam o protagonismo daqueles que as ouvem. PALAVRAS-CHAVE
Resumo: Profissionais de saúde mental vêm observando aumento do uso problemático de drogas entre pessoas em tratamento psiquiátrico. Este artigo teve como objetivo analisar o cuidado oferecido a estas pessoas, usuárias de uma rede de atenção psicossocial de uma cidade do estado de São Paulo. Pesquisa qualitativa realizada em três serviços comunitários, sendo produzidas notas de campo a partir da observação participante e de entrevistas semiestruturadas com usuários dos serviços identificados com uso de drogas associado ao diagnóstico de transtornos mentais. Buscou-se identificar percursos de tratamento, compreensões acerca destes na ótica dos envolvidos, delineando o acolhimento dessa demanda na rede e verificando posicionamentos atribuídos aos usuários. O cuidado dirigido aos usuários dos serviços foi feito de acordo com as possibilidades da rede existente, sendo influenciado por construções de sentido sobre drogas e por ideologias clínicas presentes nas práticas dos serviços. Verificou-se que os serviços de saúde mental tinham alguma tolerância para drogas lícitas, mas encaminhavam todos os usuários de drogas ilícitas. Isso promoveu descrições dos usuários dos serviços como "paciente de saúde mental" ou "usuário de drogas", exclusivamente, posicionando-os diferentemente no tratamento oferecido, o que, reciprocamente, influenciou a escuta de outras versões das experiências de consumo e sofrimento. Palavras-chave: comorbidade; diagnóstico duplo; substâncias psicoativas; transtornos mentais; serviços comunitários; pesquisa qualitativa.
Resumo A partir do papel central da saúde mental para a saúde global e a complexidade da universalização de políticas de cuidado, este artigo discute aspectos da saúde mental global por meio de uma pesquisa situada entre dois países, Brasil e Itália, potenciais referências para o intercâmbio entre Norte e Sul global. Trata-se de pesquisa-ação colaborativa, sob perspectiva etnográfica, realizada por meio de uma comunidade virtual de prática composta por brasileiros e italianos interessados no cuidado comunitário em saúde mental. Os resultados são apresentados em cenas que fornecem pistas para o debate internacional em pelo menos três aspectos: a lógica do cuidado médico-centrado, a institucionalização do cuidado e a medicalização do sofrimento, e a contribuição das práticas comunitárias e dos saberes locais e não especializados. As cenas localmente situadas dão relevo a nós, críticos, globalmente compartilhados, explicitando um conjunto plural de relações que atravessam o processo de trabalho e cuidado em saúde mental. O compartilhamento de experiências e conhecimentos aponta para o que deve ser universalizado: as oportunidades de intercâmbio horizontal ao invés da produção de identidades nacionais irradiadoras de práticas e políticas universalizantes.
Objetivo: explorar a experiência de um grupo de ouvidores de vozes. Método: qualitativo, de abordagem etnográfica, realizado com um grupo de ouvidores de vozes de outubro de 2014 até fevereiro de 2015. Os dados foram obtidos através da observação participante e os registros feitos em diários de campo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, parecer nº 750.144. Resultados: as características da região em que o grupo está inserido confere possibilidades de relações, que favorecem a construção de vínculos e afetos. O grupo mostra-se como um recurso terapêutico importante no enfrentamento das vozes. Considerações Finais: o grupo tem o potencial de representar a essência do pensamento de Basaglia, pois ali a doença e os sintomas são colocados entre parênteses e o que se ouve é voz do Outro, que dá voz às suas vozes.
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