Resumo Este texto discute a questão urbana em sua relação com o envelhecimento populacional. De forma resumida, evidencia-se o efeito do capital financeiro, nos séculos XX e XXI, sobre o espaço urbano, o trabalho e a seguridade social. Defende-se que a perda do direito à cidade é o último estágio do desmonte do Estado de Bem-Estar Social. Com o avanço do capital imobiliário, amplia-se a segregação dos moradores, e os mais pobres se alojam em condições precárias nas cidades, onde vivem 84% dos idosos brasileiros. Esse processo contribui, assim, para a construção de um discurso paradoxal sobre a velhice, sobretudo, no que diz respeito ao direito ao trabalho e à postergação da aposentadoria diante da maior longevidade. Produz-se hipótese a ser explorada em pesquisa posterior sobre o papel do ambiente construído na decisão de aposentadoria.
Este artigo aborda as relações de sociabilidade e a produção da alteridade dos imigrantes bolivianos em São Paulo na atualidade, tendo sido selecionados os bairros do Brás e Grajaú, por apresentarem condições de vida diferenciadas a partir das distintas localizações. Em função da natureza dos temas tratados, utilizou-se o método qualitativo, sendo entrevistados tanto bolivianos como seus vizinhos brasileiros. Alguns resultados indicaram correlação significativa entre a presença de bolivianos no Grajaú e a tentativa de se dissociar dos estigmas a eles atribuídos no bairro do Brás, pois relatam que são vistos mais por sua singularidade do que pelos estereótipos, enquanto os imigrantes do Brás afirmam o contrário.
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a questão da moradia entre imigrantes bolivianos em São Paulo, buscando investigar até que ponto existe uma correlação entre a "ilusão do provisório" -inerente à condição do imigrante (Sayad, 1998) -e as formas precárias de habitar na cidade. Tais formas podem ser definidas como moradias da pobreza e (ou) "nomadismo urbano" (Véras, 2003b;2016a). A pesquisa, utilizando-se da combinação de método qualitativo, pelas entrevistas com bolivianos (nos bairros do Brás e Grajaú), e o quantitativo, por meio de levantamento dos dados de Censos Demográficos do IBGE, indica uma interdependência entre as formas precárias de habitar dos bolivianos e a ideia de provisoriedade que eles têm de sua permanência no país.Palavras-chave: Imigração. Bolivianos. Cidade. Moradia. Provisoriedade.
O objetivo do trabalho é resgatar, ao longo de nossa trajetória de pesquisa sobre a questão habitacional, a produção do "outro" em diversas situações de vivência na cidade de São Paulo, onde se visualizam acentuadas desigualdades, segregação socioespacial e discriminação. A cidade concentra questões emblemáticas no estudo das cartografias sociais, no reconhecimento das diferenças e da cidadania territorial. A análise da luta pelo espaço urbano permite revelar a combinação de aspectos sociais, econômicos, étnicos, àqueles profundos e subjetivos como língua, valores, matizes culturais. A alteridade se manifesta de diferentes formas, em vasta gama de situações urbanas.
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