As construções causais conectadas por porque e por+infinitivo compartilham diversas semelhanças. Dentre elas, destaca-se a flexibilidade de posição da oração causal, que pode ser anteposta, posposta ou interposta à oração efeito. Neste artigo, investigamos a relação entre essas diferentes possibilidades de organização e princípios funcionais mais gerais, quais sejam, iconicidade e distribuição de informação, nos períodos clássico e moderno do português. O objetivo central é discutir possíveis mudanças na organização sintagmática dessas construções, motivadas pela própria representação da relação causal, que pressupõe que causas precedem seus efeitos e pelo princípio discursivo de que informação velha precede informação nova. Para tanto, analisamos uma amostra de textos não literários produzidos entre os séculos XVII e XX/XXI. Através de uma análise quantitativa, mostramos que, contrariando as expectativas, tanto as orações causais com porque como as com por+infinitivo são predominantemente pospostas à oração efeito no intervalo de tempo considerado, independentemente do seu estatuto informacional e da sequencialidade entre os estados de coisas codificados, indicando a fixação de uma ordem default.
A língua portuguesa é formada por diversas construções, entendidas como pareamentos forma – significado (GOLDBERG, 2006). Dentre as diversas relações estabelecidas na língua, a relação conclusiva é normalmente entendida como a ligação entre dois segmentos através de um elemento conector. Neste estudo, consideramos as construções representadas pelo esquema [Segmento 1 POR ISSO Segmento 2]. Analisamos a trajetória da construção em uma amostra composta por dezoito textos pertencentes a diferentes períodos: português arcaico, clássico e moderno/contemporâneo. Dessa forma, analisamos registros desde o século XIII até o XXI. Os dados coletados foram analisados estatisticamente com base em três propriedades ligadas ao sentido e três propriedades ligadas à forma. A análise dos resultados mostrou que a construção tende a estabelecer relações mais objetivas, com pouco ou nenhum envolvimento do falante. Além disso, foram encontrados indicativos de possíveis mudanças em andamento, especialmente no que diz respeito à posição do conector na oração e ao tipo de segmento conectado pela oração conclusiva.
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