O presente trabalho constitui uma pesquisa qualitativa, na abordagem narrativa, tendo como foco questões relacionadas à sexualidade e relações de gênero, a partir de experiências num projeto de educação em ciências, com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental participantes do Clube de Ciências da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, o qual é desenvolvido numa Escola Estadual em Bragança-PA, cujo objetivo consistiu em analisar narrativas de componentes do projeto sobre atitudes preconceituosas de alunos em relação a monitores homossexuais, tendo em vista tessituras de reflexões sobre a importância das diferenças de sexualidade e de gênero como elementos constituintes da diversidade humana. Em termos de resultados foi possível constatarmos a presença de pensamentos e atitudes preconceituosos e excludentes em alunos do projeto, e a partir dessas situações foram desenvolvidas práticas educativas comprometidas com uma educação que favoreça a construção de relações mais inclusivas, numa ótica em que o ensino de ciências é visto como um instrumento propício para o exercício de diálogo interdisciplinar e como espaço de formação cidadã, em que a sexualidade e as relações de gênero são abordadas numa perspectiva crítica e transformadora.

Este artigo busca compreender discussões epistemológicas que contribuem para a conexão dos saberes formais e dos saberes da tradição, a partir da formação de professores em espaços não formais no ensino de ciências na Amazônia paraense, haja vista que este espaço é rico em sociobiodiversidade e visa um olhar mais sistêmico sobre o contexto educacional. A pesquisa aborda uma natureza bibliográfica que combina as visões de Morin (2001), Santos (2007), Silva (2010) e Almeida (2017), os quais trabalham com a urgência de conhecer o sujeito e o contexto em sua complexidade inerente, além de discutir uma formação holística de professores na ótica de Nóvoa (1994) e Imbernón (2011). Portanto, observar o ensino das ciências a partir dos saberes da tradição permite romper com a visão padronizada da ciência, o que constitui um marco importante nos cursos de formação de professores em vista de outros olhares aos espaços não formais de ensino.