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A partir do conceito freudiano de inconsciente podemos abordar a noção do estranho como um dos aspectos do psiquismo que integra, no seio da unidade presumida pelo sujeito, uma alteridade. Somos divididos, estrangeiros para nós mesmos, já que "o eu não e senhor em sua própria casa".N o texto dedicado à questão da inquietante estranheza-O Estranho"' {"Das Unheimliche")-Freud retoma esta subversão, própria do pensamento psicanalílico, mostrando que os principais fatores capazes de nos despertar uma sensação de estranhamento sao aqueles que nos são mais intimamente familiares, "aquilo que deveria ter permanecido oculto mas veio à luz". partir de um cuidadoso estudo etimológico do termo alemão Heimlich-o familiar-Freud nos apresenta o encontro dos contrários, demonstrando que Heimlich é um termo que comporta tanto o sentido de familiar quanto o de estranho-Vnheimlich. Freud toma isto como uma confirmação, inscrita na própria língua, da hipótese psicanalitica que relaciona o estranho àquilo que nos é mais íntimo. Veremos que suas formulações, neste texto, são fiéis a esta constatação semântica. Em seu estudo, Freud aponta que o que lhe interessa é mostrar que entre os diferentes matizes de significados da palavra Heimlic i pertencente à casa, familiar, doméstico, íntimo-há um que é idêntico ao seu oposto. Verifica que o termo Heimlich, por um lado, lefere-se ao que é familiar e agradável, mas também tem como conotação possível "algo e.scondido, por trás das costas de alguém, sem que os outros saibam"."* Logo, é um termo que comporta sentidos distintos.