Introdução: No Karatê o chute frontal Mae geri é considerado uma técnica de simples execução, porém muito eficiente e muito utilizada em competições. Os fundamentos do Karatê descrevem que o melhor desempenho do chute será alcançado quando as forças de todas as partes do corpo forem utilizadas simultaneamente, do centro do corpo para as extremidades, o que parece ser suportado pelo princípio biomecânico de coordenação de impulsos parciais. Para que o chute seja eficiente e atinja a máxima velocidade, a transferência de energia mecânica entre os segmentos deve acontecer de tal maneira que os segmentos envolvidos no golpe se movimentem dentro de uma sequência no sentido proximal-distal. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo geral avaliar parâmetros cinemáticos e cinéticos do Mae geri para compreender a dinâmica do golpe realizado por caratecas de diferentes níveis de treinamento. Método: Doze caratecas do grupo faixa preta (12,75 ± 8,91 anos de prática) e sete caratecas do grupo faixa branca (1,18 ± 0,88 anos de prática) executaram o Mae geri. Com os dados de cinemática dos segmentos (pelve, coxa, perna e pé) do membro inferior de ataque e de força de reação do solo foram calculadas as velocidades lineares, velocidades angulares, os torques, as potências e as transferências de energia entre os segmentos. Resultados: No grupo faixa preta as magnitudes de velocidade linear dos segmentos foram significativamente maiores do que no grupo faixa branca, resultando em menor duração total do golpe no grupo faixa preta. O Mae geri do grupo faixa preta é caracterizado no início do golpe por uma transferência de energia mecânica dos segmentos distais para os segmentos proximais de todas articulações analisadas (quadril, joelho e tornozelo), com maior magnitude de energia mecânica sendo transferida do pé para a perna, ainda com o pé no chão. Após tirar o pé de ataque do chão, a transferência de energia mecânica da coxa para a pelve apresenta um aumento de magnitude. No último terço do golpe, há uma transferência de energia mecânica da perna para a coxa na articulação do joelho e da perna para o pé na articulação do tornozelo. O grupo faixa branca tem um comportamento diferente de transferência de energia mecânica entre os segmentos comparado ao grupo faixa preta, principalmente no último terço do golpe. Além disso, magnitudes de geração de potência pelos músculos para os segmentos, de absorção de potência pelos músculos a partir dos segmentos e transferência de energia mecânica entre segmentos foram significativamente maiores no grupo faixa preta. Conclusão: Os resultados sugerem que a transferência de energia mecânica entre os segmentos permite que caratecas faixa preta executem o Mae geri de acordo com os princípios biomecânicos de coordenação dos impulsos parciais, respeitando uma sequência de movimentos no sentido proximal-distal. O nível de treinamento dos caratecas implica em diferenças no comportamento das velocidades dos segmentos e na transferência de energia entre os segmentos, o que influencia na eficiência ...
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