O peixe é considerado uma importante fonte alimentar para populações amazônicas, porém ações antrópicas têm promovido uma diversidade de parasitoses com caráter zoonótico. O objetivo deste estudo foi identificar a fauna enteroparasitária em amostras fecais de peixes residentes nos afluentes do Rio Madeira, em Rondônia, Brasil. Nesta pesquisa experimental, houve coletas do intestino de peixes capturados com malhadeiras entre os períodos de julho de 2021 e junho de 2022. Foram realizadas 4 coletas: duas no Igarapé de Mutum Paraná, uma no Igarapé de Belmont e uma no Igarapé de Araras. Para cada ponto de coleta foram examinados 10 espécimes, totalizando 40 peixes. A análise parasitologia das fezes foi realizada utilizando duas técnicas concomitantes, um método de sedimentação espontânea (Hoffman) e um método de flutuação por densidade (Willis), possibilitando a identificação de microorganismos pesados e leves. As amostras foram analisadas morfologicamente por microscopia óptica nos aumentos de 100 e 400X, permitindo identificar 13 gêneros de parasitos: Taenia sp., Hymenolepis sp., Entamoeba sp., Capillaria sp., Toxocara sp., Strongyloides sp., Ascaris sp., Doradamphistoma sp., Dadaytrema sp., Hysterothylacium sp., Enterobius sp., Balantidium sp. e Ancylostoma sp. Conclui-se que os peixes coletados nos afluentes do estudo apresentaram vários parasitos de caráter zoonótico. A ampla presença desses parasitos torna indispensável a adoção de medidas sanitárias no manejo pós-abate, assim como cuidados no descarte de vísceras e no preparo do alimento afim de evitar contaminação.
A espécie Croton lechleri é usada com finalidades medicinais desde a antiguidade como propenso fitoterápico de ação antimicrobiana. O estudo visa observar a ação antibacteriana do extrato da C. lechleri. Para avaliar a concentração viável dos ensaios farmacológicos foi realizado teste de hemólise (hematócrito de 10%) a partir do extrato bruto (EB) diluído à 1 mg/mL e submetido a diluição seriada 1:2 até a concentração de 125 µg/mL. As cepas bacterianas, P. aeruginosa, K. pneumoniae, S. aureus, MRSA, E. coli e E. faecalis, foram inoculadas em caldo LB e semeadas em meio Ágar cromogênico. A atividade antimicrobiana do extrato da C. lechleri foi avaliada pelo ensaio de difusão em ágar com concentrações de 300, 150, 75 e 37,5 mg/mL e no teste da Concentração Inibitória Mínima (CIM) foram utilizadas concentrações (75 a 0,58 mg/mL). O teste de hemólise demonstrou que o extrato não apresenta toxicidade hemolítica. As cepas bacterianas P. aeruginosa e K. pneumoniae não mostraram inibição em relação às concentrações do extrato. As cepas S. aureus, MRSA e E. faecalis, formaram halos de inibição >10 mm, a cepa E. coli não apresentou halo de inibição apenas na menor concentração. A análise da CIM demonstrou que dentre as cepas estudadas a E. faecalis apresenta maior sensibilidade ao extrato, apresentando uma concentração inibitória 50% menor que nas demais cepas sensíveis ao fármaco. Desta forma, sugere-se que o látex de C. lechleri possui um potencial como agente antimicrobiano.
Alguns parasitos são comuns em cães e gatos e provocam zoonoses pelo contato direto ou indireto com as fezes, como fungos, helmintos e protozoários. Este trabalho teve como objetivo identificar parasitos entéricos em amostras fecais de gatos (Felis catus) recolhidas no Campus da Universidade Federal de Rondônia, em Porto Velho para averiguar a possível exposição a zoonoses endêmicas para controle epidêmico. Partindo de estudo experimental com abordagem quantiqualitativa, doze amostras foram coletadas em junho de 2021 e maio de 2022 dispersas no Campus, preservadas em formol e encaminhadas para o laboratório de Histoanálise/UNIR. As análises parasitárias de fezes foram realizadas a partir dos métodos de Hoffman e Willis. Ao analisar as amostras em microscopia óptica, foi possível identificar, morfologicamente, helmintos como Trichuris trichiura, Opisthorchis spp., Ancylostomidae, Strongyloides stercoralis, Ascaris lumbricoides, Enterobius vermiculares, Toxocara cati e Hymenolepis sp., larvas rabditóides e filarióides de S. stercoralis, e protozoários como Toxoplasma gondii, Balantidium coli e ácaro Sarcoptes spp. Foi observado S. stercoralis com maior incidência seguido do Ancylostoma sp. e o de maior potencial zoonótico o T. gondii. Os dados mostram uma incidência alta de parasitos nas fezes desses felinos, podendo infectar não somente os acadêmicos como também os animais das mais diversas espécies que habitam o ecossistema rural da Universidade. Dessa forma, são necessárias medidas urgentes para o combate ao abandono desses animais no Campus e como serão tratados para o controle das parasitoses gastrointestinais.
As espécies do gênero Croton L., em especial a Croton lechleri Müll. Arg. conhecida popularmente como “sangue de dragão”, são utilizadas para diversos fins terapêuticos pela população brasileira. Ensaios in vitro avaliando a citotoxicidade desta planta em células saudáveis são escassos. Desta forma, este estudo objetivou avaliar a toxicidade celular do extrato etanólico da casca de C. lechleri, e comparar com compostos comercializáveis como compostos quinoléicos e avermectinas. O teste hemolítico foi realizado através da adição do extrato em suspensão de hemácias em soro fisiológico a um hematócrito de 10% de concentrações decrescentes. O ensaio de citotoxicidade foi realizado em células VERO mantidas em meio de cultura RPMI suplementado com soro fetal bovino, onde foram adicionadas 7 concentrações diluídas de 1/2 a partir da solução mãe de 500µg/mL do extrato bruto da C. lechleri e dos fármacos Cloroquina, Hidroxicloroquina e Ivermectina. A hemólise foi analisada através de um UV/VIS, em intervalos de 30, 60 e 120 minutos. A citotoxicidade após 72 horas através do ensaio de redução de resazurina. Os resultados demonstraram que o extrato de C. lechleri em diferentes concentrações e tempos, apresentou baixa ou nenhuma toxicidade nas hemácias. No ensaio de citotoxicidade o extrato apresentou CC₅₀ de 218,9 µg/mL, a CQ, HCQ e IVe de 128,5; 191,6 e 32,9 µg/mL, respectivamente. Conclui-se que o extrato etanólico das cascas de C. lechleri não apresentou hemólise significativa e que o mesmo apresentou uma citotoxicidade moderada frente às células VERO, evidenciando que esse produto natural é potencialmente seguro para uso popular.
Em mucosas saudáveis, as células epiteliais estão fortemente aderidas umas às outras, mas, na presença de alterações inflamatórias ou neoplásicas, perdem a sua força coesiva. Nesse sentido, a citologia esfoliativa possibilita o diagnóstico precoce de lesões epiteliais malignas e pré-malignas, bem como diagnóstico de infecções, inflamações, e demais doenças ocasionadas por genotóxicos. Esse trabalho teve como objetivo identificar alterações morfológicas no epitélio da mucosa bucal fazendo uma correlação com hábitos sociais, como o tabagismo, etilismo e alimentício, em acadêmicos e servidores da Universidade Federal de Rondônia. A pesquisa foi experimental com abordagem quanti-qualitativa a partir de 17 amostras biológicas coletadas da mucosa bucal de voluntários. A técnica de coleta foi a citologia esfoliativa na parte interna das bochechas. As lâminas coradas pela técnica de Papanicolau foram analisadas por microscopia óptica com auxílio de software morfométrico. As informações de comportamentos sociais foram obtidas através da técnica de entrevista semi-estruturada. A técnica para avaliação da correlação entre variáveis quantitativas foi o coeficiente de correlação produto-momento de Pearson. “Verificou-se uma elevada frequência de atipia celular em participantes que possuíam hábitos de tabagismo, etilismo, má alimentação e de medicações constantes”. O hábito de tabagismo demonstrou uma forte relação com o grau elevado de displasia (IV), incluindo nessa classificação os fumantes passivos. Conclui-se que a técnica esfoliativa constitui uma ferramenta aliada às avaliações de alterações morfológicas teciduais e podem identificar precocemente malignidades.
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