O presente artigo busca investigar a participação fundamental do concretismo na retomada da leitura da obra de Oswald de Andrade no campo das artes brasileiras nos anos sessenta. Apresentamos ainda as trocas intelectuais entre os poetas concretos e os jovens artistas que protagonizaram o movimento da Tropicália. Nessa importante interlocução estava em jogo a obra do escritor modernista. Esse encontro contribuiu decisivamente para estabelecer a sutura entre o Tropicalismo e a Antropofagia. Nesse contexto, a tropical-antropofagia se projetou no centro da cena das discussões sobre a cultura brasileira moderna.
O presente artigo tem como objetivo discutir a produção poética ligada ao Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), criado em 1961. Abordamos o discurso literário cepecista a partir de uma discussão sobre as temporalidades que emergem das poesias reunidas nos livros da coleção Violão de Rua, publicada entre 1962 e 1963 pelo órgão cultual da UNE. Buscamos mostrar como essa escrita poética, ao articular passado, presente e futuro, acaba por situar-se entre a nostalgia e a expectativa de transformações sociais. O romantismo revolucionário cepecista construiu uma imaginação temporal baseada na saudade de um povo detentor da essência da nacionalidade brasileira, mas também vislumbrava, nesse mesmo povo, o heroico portador da revolução por vir.
O presente artigo, inspirado no modelo literário que Ítalo Calvino erigiu em “As cidades invisíveis” e amparado conceitualmente nas formulações de, entre outros, Walter Benjamin, para quem os homens habitam a cidade tanto quanto são habitados por ela, toma a poesia de Roberto Piva como um signo histórico através do qual se pode derivar uma pauliceia desvairada diferente e desdobrada daquela de Mário de Andrade: uma cidade sucata, surreal, que se confaz nos delírios poéticos de Roberto Piva e de seus companheiros de “periferia rebelde”.
O presente artigo tem como objetivo discutir as narrativas autobiográficas de Ferreira Gullar, poeta e intelectual brasileiro. Na diversidade de gêneros escritos pelo autor, identificamos um “momento autobiográfico” em que ele, recorrentemente, reorganiza suas relações com o passado a partir da urgência presente. Nessas escritas de si há a intenção de posicionar seu percurso e sua obra em um lugar de legitimidade no campo de forças da literatura e da cultura brasileira. Este trabalho aborda as releituras que o poeta realizou de sua própria trajetória no período que compreende a sua atuação nas neovanguardas concretas e neoconcretas até sua adesão às formas engajadas de agitação esquerdista. As narrativas de si que Gullar realizou entre o final dos anos cinquenta e começo dos anos sessenta encontram efetividade através de avanços e recuos de suas posições políticas e estéticas. Esses posicionamentos mantêm relação intrínseca com as turbulências sociais e culturais no Brasil durante a detonação do regime de exceção em 1964 e a repressão intensificada após o AI-5. Nessas escritas de si, o poeta deixa entrever tanto rupturas quanto permanências.
O presente artigo busca discutir as linguagens artísticas de Waldemar Cordeiro e Wesley Duke Lee em meio ao processo de metropolização e cosmopolitização da cidade de São Paulo entre a década de 1950 e 1964. Abordamos as obras dos dois artistas a partir do modo como ambos constituíram, estética e politicamente, temporalidades com base na modernidade paulistana. Para cumprir o escopo deste estudo, colocamos em discussão os debates artísticos da época, situando os dois intelectuais a partir de suas perspectivas sobre modernidade e visualidade: Cordeiro identificado ao concretismo e Duke Lee ao neodadaísmo e surrealismo. Por fim, apontamos as diferenças entre as propostas dos artistas em urdir temporalidades, acionando sensibilidades utópicas e modernizantes em Waldemar Cordeiro e nostálgicas e antimodernas em Wesley Duke Lee.
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