Introdução: A endossalpingiose é uma condiçã o benigna que se carac-teriza pelo crescimento ectópico do epitélio da trompa de Falópio. A apre-sentação clínica é inespecífica e o diagnóstico deve-se a achados incidentais em mulheres submetidas a cirurgia por dor pélvica crônica, infertilidade, sintomas urinários ou massa pélvica. Os sintomas mais comuns são dor pél-vica, dismenorreia, sangramento uterino anormal e infertilidade. Relato de caso: Paciente de 44 anos, sexo feminino, natural do Rio de Janeiro, GIIPII (dois partos vaginais) A0, tabagista, com antecedente ginecológico de nodu-lectomia em mama direita em 2002 por doença benigna, procurou ambula-tório do serviço de ginecologia em junho de 2018 com relato de aumento do fluxo menstrual em número de dias e quantidade, associado a dismenorreia, havia um ano. Ao exame físico da primeira consulta, observaram-se: colo indolor à mobilização, útero móvel e 3 cm acima de sínfise púbica, anexos impalpáveis. A paciente retornou apenas em junho de 2021 com os exames de imagem solicitados. Ressonância magnética (16 de abril de 2021): útero com volume aproximado de 2.025 cm3, lobulado, contendo imagens císticas e imagens sólidas sugestivas de leiomiomas. Ao exame físico: útero móvel, palpável em cicatriz umbilical, colo pouco doloroso à mobilização. Foi reali-zada histerectomia total abdominal com salpingectomia bilateral e ooforec-tomia à esquerda. Durante a cirurgia, encontrou-se útero lobulado, múltiplas aderências em trompas e ovários, aumento do volume de trompas bilateral. O exame anatomopatológico mostrou endossalpingiose difusa, além de leio-miomas, no útero. Conclusão: A etiopatogenia da endossalpingiose ainda não é clara, porém acredita-se que esteja associada a mudança metaplásica do epitélio celômico em epitélio tubário. A endossalpingiose é classificada como lesão secundária do sistema mulleriano e, por vezes, encontra-se asso-ciada à endometriose e à endocervicose. É uma condição rara encontrada geralmente em mulheres em idade reprodutiva. Na literatura, a endossalpin-giose foi descrita em útero, peritônio, tecidos subperitoneais, omento, tecido retroperitoneal, intestino, apêndice e, raramente, bexiga. A endossalpingiose aparece macroscopicamente como uma massa polipoide ou como múltiplos cistos de tamanhos diferentes. Seu diagnóstico é feito histologicamente pela presença de epitélio tubular contendo três tipos de células: células coluna-res ciliadas, células mucosas secretoras colunares não ciliadas e as chamadas cé lulas intercalares em localização ectópica.