Resumo Este artigo analisa a divulgação das profilaxias pré (PrEP) e pós-exposição (PEP) ao HIV, considerando o papel histórico das campanhas de prevenção à aids. São utilizadas 24 peças de comunicação sobre PrEP, PEP e PC (Prevenção Combinada), produzidas entre 2016 e 2019 e publicadas no site e mídias sociais do Ministério da Saúde, e o depoimento de 30 usuários(as) das profilaxias - que incluem gays, mulheres trans/travestis e profissionais do sexo - na região metropolitana do Rio de Janeiro. As peças foram classificadas quanto ao tipo, ano, público e informação de acesso, e os resultados foram interpretados a partir de três eixos: sexualidade e risco; gênero, emoções e moralidades; deslocamentos do preservativo. A análise indicou o apagamento das expressões de sexualidade e o predomínio de uma linguagem abstrata e esquemática, pressupondo um público racional e individualista, com o preservativo associado à ideia de “risco sexual”. Os relatos dos(as) usuários(as) quanto à divulgação de informações sobre essas profilaxias evidenciaram sua insuficiência. Concluímos que ocorre uma baixa exploração do potencial das campanhas de comunicação, orientadas pela realidade sociocultural dos segmentos sociais, comprometendo o acesso às profilaxias. Assim, a biomedicalização da prevenção e o avanço do conservadorismo prejudicam a resposta brasileira à aids.
Neste artigo, analiso os contornos subjetivos em torno do “desejo” de tornar-se mãe para três mulheres e mães jovens soropositivas, de camadas populares do Rio de Janeiro. Tomo as tecnologias médicas que elas foram contempladas como um marco importante na construção da “biomedicalização do parentesco” que, entre outras coisas, permite pensar antropologicamente sobre o valor dado aos arranjos sociais. Também destaco os “limites” nas relações interpessoais delas, sobretudo nas relações conjugais, cuja experiência do “abandono” devasta o projeto de família. O artigo, portanto, concentra-se nas esferas do “desejo”, parentalidade, arranjos sociais e “limites” interpessoais.
: Este artigo resulta de uma etnografia efetuada em uma Rede de pessoas que se auto definem “jovens vivendo e/ou convivendo com HIV/Aids” no estado do Rio de Janeiro. Parte do que trago para a discussão é fruto das observações em campo nos encontros dentre os quais estive presente. Como discuto neste texto, a possibilidade dos encontros presenciais é também o momento de dizer sobre a vida soropositiva, o que transforma a experiência da interação, no conjunto social de produção da “pessoa”. A intenção aqui foi mostrar uma etnografia multi-situada nos termos definidos por Marcus (1995). A etnografia pretende mostrar que a linguagem na narração emotiva em muitos planos (falas, lágrimas, abraços etc.) constitui a noção de pessoa dos jovens estudados.
Neste artigo analiso a história de vida de Luíza, uma jovem mulher e mãe soropositiva, de camadas populares do Rio de Janeiro. Acompanhá-la permitiu compreender uma série de negociações e instâncias existenciais e relacionais que a conforma, que vão desde sua infância, o momento de sua gravidez e embates micropolíticos do dia a dia. Esse texto procurou visibilizar essa interlocutora, lançando mão de perspectivas antropológicas que nos informam ações sociais e a análise fenomenológica do “eu”, da noção de pessoa. As relações de parentesco, o diagnóstico de uma doença moralizante e traumatizante, seu tratamento diário, os projetos de maternidade e as dinâmicas de gênero bem como o ato de escrever acerca dessas experiências, parecem nos informar que a atenção minuciosa de uma biografia em específico é uma saída crucial para o entendimento da experiência vivida pelos atores e é, portanto, rico do ponto de vista etnográfico.
Com o avanço das tecnologias biomédicas para o tratamento do HIV/Aids, a qualidade de vida tornou-se uma possibilidade vital para a pessoa portadora, contrariando o cenário da década de 1980, quando o diagnóstico era como uma sentença de morte. Por outro lado, tornar-se soropositivo requer mudanças numa série de hábitos cotidianos, os quais medicar-se diariamente é parte desse processo. Neste artigo, analiso os efeitos colaterais, sociais e subjetivos decorrentes da medicalização e gestão do tratamento em trajetórias sociais. Interessa aqui, o entrelaçamento entre histórias de vida e a materialidade e concretude das drogas farmacológicas. Para tanto, lanço mão da análise antropológica da trajetória de três mulheres e mães jovens soropositivas, oriundas das camadas populares da cidade do Rio de Janeiro. A partir de infraestruturas concretas de como as pessoas gestam o tratamento na tessitura de seus cotidianos, têm sido possível compreender ambiguidades e limites da biomedicina como cultura global, uma vez que os medicamentos para elas acarretam processos de significação da experiência, momentos de inflexão e sentimentos de prisão. Assim, suas experiências materializam os efeitos reais das tecnologias sobre efetuações de desencantos terapêuticos na gestão do tratamento de HIV/Aids, além de abrir margem para pensar a respeito dos medicamentos para além da chave analítica da liberdade e do encanto numa Cosmovisão ocidental.
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