IntroduçãoEnxaqueca é uma das principais causas de atendimento de urgência. O uso de recursos que não se traduzem em benefício clínico para o paciente, como exames de neuroimagem em hipótese de crise de enxaqueca, gera grande impacto financeiro no sistema de saúde.ObjetivoAvaliar a taxa de exames de tomografia de crânio com achados positivos significativos em pacientes com enxaqueca em Pronto Atendimento (PA) de hospital terciário.Material e MétodosEstudo retrospectivo descritivo com avaliação de 814 tomografias computadorizadas de crânio consecutivas de pacientes admitidos no PA do Hospital Samaritano Higienópolis entre 2018 e 2019 com o diagnóstico final de enxaqueca (CID G43). As imagens foram avaliadas de forma independente pela equipe de neurorradiologia e classificadas em três grupos: A- dentro da normalidade; Balterado com achados não relevantes; e C- alterado com achados relevantes.ResultadosDas 814 tomografias avaliadas, 510 (62,6%) eram totalmente normais, 269 (33%) apresentavam achados que não justificavam a clínica de cefaleia e 35 (4,2%) apresentavam achados potencialmente relevantes. O principal achado relevante foi sinusopatia aguda em 33 pacientes (94% daqueles com achados relevantes), sugerida pela presença de nível líquido no interior de seios da face. Um paciente apresentou aneurisma sacular no segmento comunicante da carótida interna e outro apresentou lesão expansiva parasselar sugestiva de meningioma. Os demais achados, classificados como não relevantes, incluíam a presença de microangiopatia/gliose, redução volumétrica encefálica, espessamentos mucosos nos seios maxilares sem sinais de agudização, cistos aracnóides, dentre outros.ConclusãoOs resultados apontam para uma baixa porcentagem de alterações de neuroimagem em pacientes com hipótese de enxaqueca avaliados por médico emergencista, com mais de 95% dos exames apresentando-se normais ou com achados não relevantes. Apenas 0,2% dos exames apresentaram achados considerados relevantes e não estavam associados a sinusopatia, condição infecciosa aguda de diagnóstico clínico. Os achados indicam uso potencialmente inadequado de recursos e exposição de pacientes a radiação desnecessária. Estudos prospectivos podem avaliar se atividades de educação continuada podem aumentar a acurácia do diagnóstico clínico e consequentemente reduzir desperdício e melhorar o desfecho de paciente com enxaqueca na emergência.
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