RESUMO O artigo teve como objetivo geral analisar as condições de acesso e acolhimento da Atenção Básica na região de saúde do Baixo Amazonas, localizada no Oeste do Pará, sob a perspectiva das equipes de saúde e dos usuários. Trata-se de uma pesquisa descritiva e quantitativa, na qual foram utilizados dados secundários do segundo ciclo do PMAQ-AB, ano 2014. Foram selecionadas variáveis do Instrumento de Avaliação Externa dos módulos II (profissional) e III (usuários). Consideraram-se 58 equipes de saúde e 232 usuários de 11 municípios da região de saúde. Alguns avanços notáveis no processo de trabalho das equipes estão relacionados com formas de agendamento, Unidades Básicas de Saúde (UBS) próximas aos domicílios dos usuários, horário de funcionamento e implantação do acolhimento. Contudo, há dificuldades na organização da agenda e necessidade de fichas e fila para que o usuário chegue ao atendimento. A pesquisa revelou alta porcentagem de implantação do acolhimento como parte do cotidiano de trabalho das equipes, entretanto, cabe avaliar não apenas a existência, mas também a qualidade do acolhimento, visto que este é mais do que uma triagem ao médico. De modo geral, ainda persistem obstáculos no processo de escuta e na resolutividade das necessidades de saúde dos usuários.
Objetivo: discutir as implicações bioéticas a partir do anúncio da Saúde Digital por parte da Organização Mundial da Saúde e do uso do big data na produção de sistemas preditivos de vigilância em saúde no Brasil. Metodologia: realizou-se revisão narrativa a partir da busca de artigos nas plataformas Scielo, Bireme, Jstor e na página da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde do Brasil, com os descritores big data, bioética e ética, de maio a julho de 2020. Resultados: foram evidenciados limites no uso do big data como ferramenta de vigilância epidemiológica preditiva, notadamente com o seu uso durante a pandemia de Covid-19, apesar de justificável a partir da teoria da bioética da proteção e da ética da saúde pública. Os maiores limites observados foram ausência de legislação de proteção de dados adequada e viés dos dados obtidos. Conclusão: para análise dos impactos bioéticos do uso do big data na medicina do futuro é imprescindível aprofundar a discussão sobre os possíveis impactos que o uso dessas tecnologias pode gerar na vida em sociedade, com ênfase no desenvolvimento do capitalismo de vigilância, na interferência na vida social e no acirramento das desigualdades regionais.
Como é rico o meu favelado, esse poderia ser um dos subtítulos do livro lançado em 2014 e já em sua terceira edição Um país chamado favela de Renato Meirelles e Celso Athayde, mas que traz em seu subtítulo um slogan de efeito, a maior pesquisa já feita sobre a favela brasileira. A tentativa dos autores, apesar de o subtítulo remeter a uma pesquisa, é uma obra de divulgação e autopromoção de seus próprios trabalhos em outras frentes. Se há alguma tônica científi ca na obra essa repousa em sua retórica científi ca iluminista, na época em que se acreditava que o conhecimento era trazido à tona, descoberto e apresentado aos intelectuais. É preciso analisar esse aspecto frágil da obra que a todo momento anuncia e declara uma ciência e um conhecimento científi co passível de captação e sistematização por parte dos pesquisadores. Esse pressuposto, ultrapassado, contraria a contemporânea visão de que o conhecimento é construído a partir de certos pressupostos metodológicos e a partir de paradigmas contemporâneos e vigentes em determinadas comunidades de pesquisa. Para os que se debruçam sobre os estudos das classes populares e dos moradores de favelas e comunidades, a obra quebra um paradigma de construção de narrativa e propõe uma nova ótica para se compreender o fenômeno nas favelas: o favelado empreendedor. Nesse sentido, o tema central do livro parece ser o coroamento dos moradores de comunidade como consumidores e empreendedores, e para comprovar tal hipótese, o livro, apesar de se apresentar como "a maior pesquisa já
O ano de 2020 marcou o crescimento global da doença provocada pelo SARS-CoV-2, a COVID-19, acompanhada pela intensificação de publicações científicas 1 . O ano encerrou com mais de 250 mil artigos produzidos mundialmente e, em outubro de 2020, o Brasil aparecia no 11 o lugar do ranking de publicações 2 . Paradoxalmente, o ano foi marcado por cortes expressivos no financiamento atribuído pelas agências de fomento à ciência brasileira, a despeito da necessidade de pesquisas para o enfrentamento dos diversos problemas causados pela pandemia. Esse direcionamento se evidenciou desde 9 de março de 2020, com a Portaria n o 34 3 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) com diminuição do quantitativo de bolsas de pós-graduação, reduzindo-as em grau decrescente segundo a nota dos Programas de Pós-graduação (PPGs), atingindo fortemente os PPGs com notas menores, cuja atuação é estratégica para seus âmbitos regionais.Nesse período, também o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou corte orçamentário, afetando pesquisas aprovadas ou em curso, além de ameaçar com a não abertura do Edital Universal de 2020. Em reunião com a diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o presidente do CNPq apontou para o "mercado" como alternativa de recomposição de recursos financeiros para pesquisas, evidenciando que essa articulação estava associada ao desenvolvimento ou fortalecimento de "áreas estratégicas" 4 . O posicionamento indica que seriam estratégicas apenas as pesquisas que respondessem aos interesses do "mercado", este materializado nas empresas ou indústria, englobando a concessão de bolsas. É evidente que as Ciências Sociais e Humanas (CSH) não fazem parte desses "grupos prioritários", tendo em vista que muitas temáticas por elas privilegiadas -racismo, desigualdade social, relações de gênero, democracia, movimentos sociais e tantas outras -não coadunam com as necessidades tornadas estratégicas na lógica do mercado. A consequência é a ausência de edital específico para as CSH e, em eventuais editais lançados, a participação seria de forma subsidiária, investigando aspectos que convergissem com interesses do mercado.Desenhada esta conjuntura adversa à produção da ciência e tecnologia brasileira de modo mais largo, e das CSH de modo particular, a sociedade científica, nas suas representações, intensificou movimentos para enfrentar esse desmonte e defender sua recomposição. Observaram-se mobilizações realizadas pela SBPC, pelas entidades de Saúde Coletiva e de Bioética, entre outras, além de Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.
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