O presente artigo se propõe a analisar os casos de impedimentos e dispensas de consanguinidade e afinidade em processos matrimoniais da Freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana do Seridó, entre os séculos XVIII e XIX, através dos quais busca-se compreender a lógica católica empregada tanto na permissão, quanto na proibição de determinadas alianças matrimoniais. Esta fase da pesquisa se desenvolveu na esteira da catalogação e estudo dos casamentos, cujos registros estão arquivados na casa paroquial São Joaquim, na atual Diocese de Caicó (RN). A análise desses dados foi realizada com o auxílio de banco de dados construído através do software Access, que armazenava 1166 registros de casamento do período. Como fundamentação teórica-metodológica ancora-se na noção de rito de passagem discutida por José Carlos Pereira (2012); nos padrões familiares seridoenses dos séculos XVIII e XIX de Muirakytan Macêdo (2015); nas sensibilidades ligadas ao amor, sexo e casamento de Jean Flandrin (1988) e nas regras de parentesco de Marc Augé (1978). Preliminarmente, percebe-se a recorrência de negociações de dispensas de consanguinidade em 37% dos casos, o que denota uma tendência à formação de famílias baseadas na proximidade parental e um indício para as doenças desencadeadas por essa realidade.