As contribuições do pensamento freireano atravessam os diferentes campos da Educação, do Ensino e da Educação em Ciências, trazendo reflexões sobre o modo de se pensar a formação, não apenas escolar e acadêmica, somada aos aspectos sociais, culturais e históricos. Na importância do diálogo, do respeito às singularidades dos contextos e realidades distais, os sujeitos sociais tomam o lugar do “público-alvo”, contrapondo a educação bancária e hierárquica. Assim, é conveniente que haja um empreendimento para buscar conhecer de que modo as ações de pesquisadores e professores têm se apropriado dos ideais de Paulo Freire: na forma de recortes, trazendo citações dos principais temas defendidos por Freire ou na incursão epistemológica, teórica e metodológica. O objetivo principal deste ensaio consistiu em conhecer quais vertentes do pensamento freireano estão presentes nos trabalhos do campo da educação. Para isso, se consultou os anais dos CONEDUs (edições I à VI) e buscados artigos a partir das palavras-chave: freire, freireana, freiriano, oprimido, emancipação, Paulo freire e a combinação destas. Como resultado, 49 artigos foram selecionados nas seis edições, distribuídos em diferentes linhas temáticas/grupos de trabalho. Depois da seleção, empreendeu-se uma análise de conteúdo, do tipo categorização, como orientado em Bardin (2011). Seis categorias de conteúdos foram identificadas, e apesar de uma distribuição quantitativa de temas e áreas abordados, foi possível identificar o silêncio em áreas como educação em saúde, epistemologia das ciências e formação docente. Espera-se que os resultados encontrados no presente recorte possam estimular outras pesquisas para se apropriarem dos pensamentos de Paulo Freire como eixo norteador das práticas educativas.
A Educação em Saúde e o Ensino de Ciências são campos associados ao longo do tempo. Ainda hoje, a educação em saúde tem se materializado como um território dotado de estratégias visando inculcar ideias, moldar hábitos e atitudes, sendo esta empregada para ações de cunho “sanitário”. Em uma visão contemporânea, algumas perspectivas teóricas são capazes de subsidiar uma educação em saúde ampliada e que almeja colaborar para a formação de sujeitos empoderados e capazes da tomada de decisão crítica sobre sua condição de saúde e da coletividade. As linhas socio interacionista histórica e a Freiriana possuem este potencial junto à uma educação em saúde que visa a interação de saberes, visão multidimensional dos sujeitos, autonomia de decisão e controle social. O texto trata-se de um ensaio teórico baseado em uma revisão narrativa a fim de levantar e problematizar os seguintes aspectos: i) a necessidade de um ensino de ciências que não se baseie na transferência acrítica de dados e informações sobre agentes etiológicos, sintomas e tratamentos e que não produz resultados a longo prazo; ii) em complemento ao pensamento anterior, a necessária formação para o desenvolvimento do pensamento crítico e fomento a mobilização social e iii) necessidade de inclusão das perspectivas dos sujeitos, da bagagem cultural e experiências de vida para ações dialógicas e de mediação de aprendizagem de novos conceitos.
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