A questão agrária pode ser compreendida como um termo, uma temática ou um conceito (amplamente discutido no meio acadêmico brasileiro). Nesse livro, iremos tratá-lo como conceito e nele, foram reunidas várias áreas do conhecimento para tornar estava tonar sua leitura, o mais interdisciplinar possível. Nele, apresentamos conotações que possuem relação direta com o que acreditamos, com as experiências que temos, com as leituras que fazemos e, entre outras questões, com a capacidade que possuímos de descentrar a nossa reflexão do imediato e do vivido, ampliando o universo temático ou conceitual. No Brasil, o cenário agrário diz respeito a uma problemática que se articula a partir da disputa do território nacional mediado por distintos interesses, entre eles: dos camponeses (pois refere-se a sua vinculação a terra e a sua reprodução), do capital transnacional (detém o capital agrário, industrial e financeiro (bancos, fundos de investimento e pensão, ou empresa que recebe a matéria prima produzida na terra e a transforma, laboratórios, engenharia genética e tecnológica) ou dos proprietários de grandes extensões de terra (concentram grandes quantidades de terra promovendo e ampliando a concentração e expansão dos monocultivos de commodities). Segundo Stedile (2012, p. 641) 1 , a questão agrária refere-se ao "[...] uso, a posse e a propriedade da terra [...].Sobre o exposto, é importante questionarmos se e como, o nosso país tem possibilitado por meio de políticas públicas, o acesso à terra, ou seja, para quem, como, quando, que produtos serão produzidos, seus impactos na natureza (implicações ambientais, na água, no solo, das florestas, do mar, entre outros), e nas pessoas (consumidores e trabalhadores do campo e da cidade). Envolvem-se aí, também as questões relacionadas a soberania e segurança alimentar. Entre os questionamentos que a temática nos promove, refletimos sobre: Quem são as pessoas que vivem nas terras agrícolas brasileiras? Como chegaram até elas?
