O objetivo do artigo é relatar uma experiência de acompanhamento terapêutico escolar com uma criança autista, realizado durante três anos e meio em uma escola particular de Salvador. Os dados foram registrados em um diário de campo e analisados a partir da abordagem psicanalítica. Observaram-se avanços significativos relacionados à emergência do sujeito, como mudanças na fala, no reconhecimento de si, do corpo e no brincar simbólico. A prática mostra-se como um recurso importante para a inclusão e para o desenvolvimento de crianças autistas.
O presente artigo tem o objetivo de apresentar a atuação do Acompanhamento Terapêutico Escolar (ATE), sendo esta uma prática crescente, no contexto brasileiro, a qual encontra-se associada ao processo de efetivação da inclusão escolar. Mas o que caracteriza essa atuação? A partir da noção da inclusão como ato terapêutico, considera-se que a atuação é marcada por uma posição do estar “entre” (entre o estudante e o(s) outro(s)), elemento intrínseco à prática. Mas também revela certa indefinição, incertezas e instabilidades inerentes a esta posição. Diante disso, a intenção é refletir sobre tais questões e suas relações com um possível enquadre profissional.
O presente artigo tem como tema central a experiência de famílias com filhos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e as suas estratégias de enfrentamento diante do diagnóstico. O objetivo geral do estudo foi descrever e analisar, através de entrevistas com três mães, a experiência familiar (impressões, reações e emoções) a partir do momento em que os seus filhos receberam o diagnóstico do TEA. Essas três mães se propuseram a representar suas famílias na pesquisa. Dessa forma, foi realizada a análise do conteúdo das entrevistas, através de uma sistematização temática, para a leitura analítica do tema proposto, tendo como base a literatura científica disponível. Os principais resultados apontam para a busca do conhecimento, por parte da família, como principal estratégia de enfrentamento para lidar com as demandas estressoras diante da experiência mencionada. Assim, foi observado que as famílias buscam estratégias práticas e objetivas, mas também procuram apoio social e religioso. Vale ressaltar que a condição socioeconômica e cultural das famílias pode refletir diretamente na forma como enfrentam o diagnóstico, em função da acessibilidade à orientação especializada e a recursos profissionais. Portanto, compreende-se que a presente pesquisa alcançou o seu objetivo ao descrever a experiência familiar após o diagnóstico do TEA, mas não reflete todas as realidades familiares. Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Família. Estratégias de Enfrentamento.
A inclusão escolar envolve um posicionamento ético e político, e tem sido marcada pelo slogan “Educação para Todos”, o qual atravessa a prática educativa como uma palavra de ordem. Essa realidade revela sua importância diante de uma história marcada pela segregação escolar. De modo geral, os estudantes são reunidos simplesmente em grupos de acordo com os diagnósticos médicos que recebem a partir dos quais são estabelecidas “estratégias inclusivas” no sentido de “garantir” a inclusão escolar. Diante disso, este estudo considera que a reunião das crianças em grupos direciona uma inclusão escolar que obedece um modelo estrutrado em “pacotes” e, em contraposição, apresenta uma proposta voltada para uma “inclusão artesanal”. Nesse sentido, a proposta da “inclusão artesanal” é pensada como um processo que considera que o ato de incluir deve acontecer partindo do caso a caso. Além disso, a “inclusão artesanal” contempla a dimensão da constituição psíquica. Assim, o objetivo da pesquisa foi identificar e analisar os elementos artesanais no processo inclusivo de estudantes autistas, matriculados na rede pública e privada de ensino brasileiro, a partir da experiência do Acompanhamento Terapêutico Escolar (ATE). A pesquisa é de natureza qualitativa e utiliza o estudo de caso de dois estudantes diagnosticados como autistas, os quais foram assistidos por acompanhantes terapêuticos escolares em seus processos de inclusão. Consideramos que os casos ilustram os efeitos de uma proposta de inclusão artesanal, pois através da experiência inclusiva e prática do ATE alguns atores escolares mostraram investimento e aposta em seus estudantes enquanto sujeitos e estes revelaram avanços importantes em seus processos de escolarização, sobretudo nos aspectos constitutivos e na possibilidade de construção do laço social. Palavras-chave: Inclusão escolar; Autismo; Acompanhamento Terapêutico Escolar; Ética; Psicanálise.
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