A análise de práticas profissionais como dispositivo para a formação na residência multiprofissional

Abstract

Resumo A complexidade das necessidades de saúde da população exige cada vez mais a qualificação para o trabalho colaborativo no Sistema Único de Saúde (SUS). Este artigo tem como objetivo refletir sobre possibilidades, limites e desafios do uso da análise institucional de práticas profissionais como dispositivo para a formação interprofissional em um programa de residência multiprofissional em saúde. Foi realizada uma pesquisa-intervenção com apoio no referencial teórico-metodológico da análise institucional, de cunho participativo, que possibilitou o encontro de subjetividades por meio do exercício da autoanálise, reconhecimento de não saberes e necessidades de formação, exercício da escuta coletiva e análise de possibilidades de compartilhar saberes e papéis. Ainda, foi possível evidenciar as contradições do contexto de trabalho e aspectos das relações interprofissionais que por vezes impõem limites às práticas colaborativas.

Experiências de educação interprofissional no contexto das residências multiprofissionais em saúde: estudo de revisão

“…Esta dimensão analítica pôde ser percebida nos estudos que buscaram introduzir atividades de promoção da EIP dentro dos programas de RMS (Câmara, 2014;Motta & Pacheco, 2014;Soares, 2015;Santos et al, 2016;Frossard & Silva, 2016;Arnemann et al, 2018;Camargo et al, 2018;Costa, 2018;Lago et al, 2018;Henrique et al, 2019;Lewgoy et al,2019;Dantas, 2020); naqueles que identificaram cenários favoráveis através de dispositivos institucionais, como os PPP Arruda et al, 2016;Casanova et al, 2018;Evangelista et al, 2018;Lima & Passos, 2019); e nos que analisaram a percepção e a disponibilidade dos atores para a aprendizagem interprofissional compartilhada (Perego & Batista, 2016;Aguiar, 2018;Leitão, 2018;Dantas, 2020).…”

“…Esta categoria apresenta os principais limites e desafios para a implantação da EIP nas RMS encontrados nos estudos analisados e se concentraram nos seguintes elementos: fundamentação e compreensão teórica sobre a EIP; pouca compreensão sobre os papeis dos residentes, preceptores e profissionais de diferentes áreas; estruturação dos cenários de prática e organização dos serviços; rigidez curricular; cargas de trabalho e horária excessivas; formação uniprofissional; comunicação e trocas entres profissionais; incentivo político e financeiro Frossard & Silva, 2016;Arruda et al, 2016;Medina, 2016;Casanova et al, 2018;Costa, 2018;Lago et al, 2018;Leitão, 2018;Medeiros, 2018;Lago, 2019;Rebouças et al, 2019;Sanches, 2019;Querido et al, 2020).…”

Atuação fonoaudiológica na atenção primária à saúde durante a pandemia de COVID-19:

“…Graças à pluralidade de saberes dentro da equipe multiprofissional 18,19 foi possível contemplar os temas abordados, tanto nas visitas peridomiciliares, como nas salas de espera, de forma mais abrangente, a partir da contribuição complementar de cada profissão, gerando um espaço rico de aprendizagem sobre as competências das profissões envolvidas nas atividades e sobre a complexidade e integralidade do cuidado em saúde.…”

“…O novo vírus da família Coronaviridae (SAR-S-CoV-2) surgiu no final de dezembro de 2019, em Wuhan, na China, e rapidamente se disseminou pelo mundo 1,2 . O ano de 2020 foi marcado pela pandemia de Coronavirus Disease 19 (COVID- 19), caracterizada pela presença de sintomas similares aos das gripes comuns; porém, em casos mais graves inclui alterações gastrointestinais, síndrome respiratória aguda grave, pneumonia e morte 3 . Anosmia e disgeusia, na ausência de outras doen-ças respiratórias, também sinalizam uma possível contaminação por SARS-CoV-2 4 .…”

GEASE: dispositivo de análise de práticas profissionais na humanização do ensino e da assistência em saúde

“…Compreendemos que essa diferença deve-se ao fato dos autores deste artigo, terem utilizado nos grupos os pressupostos da análise institucional, onde a análise das práticas profissionais valoriza a heterogeneidade dos participantes, entendendo que posicionamentos diferentes nos debates, amplia o campo de análise (Fortuna, Monceau, Valentim, & Mennani, 2014;Guillier, 2003;Lago, Matumoto, Silva, Mestriner, & Mishima, 2018;Monceau, 2005).…”