A Base Nacional Comum Curricular e o conhecimento como commodity

Abstract

Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.A Base Nacional Comum Curricular e o conhecimento como commodityThe National Curricular Common Base and knowledge as a commodity Resumo: Este artigo problematiza a dimensão epistemológica que sustenta a proposta da Base Nacional Comum Curricular. Para isso, discute as concepções de competências e de conhecimento que são apresentadas no documento do MEC, explorando o conceito de Economia do Conhecimento como matriz da proposta curricular. Isso possibilita estruturar e compreender a concepção curricular que se deseja implantar nas escolas brasileiras. A conclusão foi de que todo aparato discursivo de direito ao ensino não faz mais do que constituir a competitividade como fundamento da educação. O empobrecimento do conhecimento, reduzido a mera competência, não opera para a vida qualificada pela cultura, mas para o produtivismo econômico, pois toda uma dimensão ética e estética é alijada do processo educacional.Palavras-chave: currículo, Base Nacional Comum Curricular, economia do conhecimento, epistemologia.Abstract: This article problematizes the epistemological dimension that underpins the proposal of the National Curriculum Standard. In doing so, it discusses the conceptions of competences and knowledge that are presented in MEC's document exploring the concept of knowledge economy as the matrix of the curricular proposal. This makes possible to structure and understand the curricular conception that one wishes to implant in Brazilian schools. The conclusion was that every discursive apparatus of the right to education does nothing more than constitute competitiveness as the foundation of education. The impoverishment of knowledge, reduced to mere competence, does not operate for qualified life by culture, but for economic productivism, since an entire ethical and aesthetic dimension is neglected in the educational process.

Trabalho e saúde de professoras e professores no Brasil: reflexões sobre trajetórias das investigações, avanços e desafios

“…The increase in the internal control of teaching deserves attention, especially the control of time and tasks, implementing a rigid schedule with deadlines, dates, and activities in increasingly tight timeframes 17,19 . Reflection on teaching itself is replaced by the urgency of deadlines and schedules, replacing the logic of knowledge with the logic of skills 20 . As soon as one demand is met, another encroaches, dominating timeless time (previously reserved for relaxation or reflection) 20 .…”

“…Reflection on teaching itself is replaced by the urgency of deadlines and schedules, replacing the logic of knowledge with the logic of skills 20 . As soon as one demand is met, another encroaches, dominating timeless time (previously reserved for relaxation or reflection) 20 . The requirements of high rates of passing grades, regardless of the actual learning processes, pressure teachers, squeezing them with the relentless shortage of time and more standardization, producing quantitative results monitored by indicators of approval.…”

“…In addition to the issues pertaining to domestic work and gender differences, there are other aspects that should be brought to light in the debates and interventions. These include the regulation of conditions in school environments, including the characteristics of work processes and organization 19 and the recognition of certain health problems as the result of the way the work is organized 19,20 , involving demands on the body that often exceed the capacity to meet them without jeopardizing the teacher's health 15,20 .…”

Apontamentos para uma avaliação de currículos no Brasil: a BNCC em questão

“…A proposta de uma base nacional comum curricular, além de sua limitada compreensão do sentido e significado do que seja currículo, ajuda no empobrecimento do conhecimento, que se torna reduzido à mera competência, e não opera para a vida qualificada pela cultura, mas para produtivismo econômico, pois toda uma dimensão ética e estética é alijada do processo educacional. (VIEIRA;FEIJÓ, 2018, p. 43) Direcionando sua crítica para a reforma do ensino médio, Ferreti e Silva (2017, p. 397) analisam que a BNCC tem sido mobilizada para "viabilizar a hegemonia da reforma", visto que se articula com o aumento do interesse do empresariado pelas questões educacionais. O engendramento de lógicas neoliberais, no interior das políticas educacionais, materializa-se no envolvimento de novos atores na composição da ação do Estado e, mais que isso, Encontramos outra nuance dessa tendência analítica em Macedo (2017), ao examinar as demandas neoconservadoras do movimento Escola Sem Partido e a defesa de uma base curricular para o Brasil.…”

O ensino de língua portuguesa: das propostas e parâmetros à Base Nacional Comum Curricular

“…Neste contexto, o conhecimento é constituído em commodity, e, para que tenha sua circulação no mercado assegurada em bases mais rentáveis é necessário que seja codificado de modo a "operar um processo de redução e conversão que tornam a transmissão, a verificação, armazenagem e reprodução do conhecimento mais fácil." (VIEIRA;FEIJÓ, 2018, p. 42). A BNCC compõe o processo de codificação de um conjunto de conhecimentos que devem ser distribuídos no mercado educacional, com os valores que lhes são agregados e as vantagens que se possa obter com a aquisição de bens simbólico-econômicos, de commodities que devem ser superadas para que a produção de novas commodities se faça necessária, demandando "novidades" a serem oferecidas aos clientes e consumidores: [...] o fato é que, na atual Economia do Conhecimento, há sempre uma grande pressão para a codificação de habilidades e conhecimentos, pois a produtividade aliada à competitividade exige a produção e transmissão de conhecimento como uma commodity utilizável.…”