A ilusão da liberdade de escolha

Abstract

O presente artigo objetiva discutir a customização do currículo provocada pela Reforma do Ensino Médio (Lei n. 13.415/2017), que estabeleceu a oferta de itinerários formativos a serem escolhidos pelos estudantes conforme seu interesse. O texto coloca em pauta os principais problemas da abordagem de diferenciação de percursos formativos diante de um ensino médio público carente de investimentos na formação e na valorização dos docentes, bem como nas estruturas físicas e na qualidade de ensino. A partir de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, sustenta-se a hipótese de que os itinerários, embora envoltos de um discurso de currículo customizado, ou seja, adequado aos interesses de cada estudante, acaba por promover uma ilusão da liberdade de escolha, o que não altera as condições desiguais nas oportunidades de escolhas dos estudantes das camadas mais pobres da população. Em linhas gerais, o texto analisa o contexto de como os mecanismos dos itinerários formativos sustentam a lógica normativa oculta que produz a ilusão de que todos são livres para decidir sobre seu futuro. Nas considerações finais, ressalta-se que existem inúmeras contradições inerentes à organização curricular através da problemática da customização. Dentre elas, destaca-se a idealização de que os estudantes poderão gerir sua própria liberdade através de um conhecimento pautado na competição e na lógica economicista.

BNCC E DCRC Para O Ensino Médio - Relações E Integrações Com Conteúdos De Arte Local E Regional Do Ceará

“…Neste artigo procuro estabelecer relações e integrações entre os dois documentos de referência para a educação básica no Ceará, principalmente do que diz respeito ao Ensino Médio: A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) (BRASIL, 2018a) e o DCRC (Documento Curricular Referencial do Ceará) (CEARÁ, 2021), buscando a contribuição para a aprendizagem de conteúdos locais e regionais do Ceará relativos às Artes. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizando método bibliográfico e documental, analisando os documentos citados e dialogando com o pensamento de autores que contribuem para a construção de um pensamento crítico sobre o assunto, como VIDAL (et al, 2022), MANFRÉ (2020), FÁVERO (et al, 2022), BARBOSA (2011 e 2017) e FREIRE (2011).…”

“…Sobre essa suposta liberdade de escolha, Fávero (et al, 2022, p. 2) chama atenção para duas esferas políticas em que os conceitosvagos e polissêmicos, segundo os autoresdisseminados pela BNCC e pela reforma do ensino médio, são postos em destaque: a macro e a micropolítica. Sendo a primeira a que define as políticas e a segunda onde essas mesmas políticas "são interpretadas, recontextualizadas e implementadas" (idem).…”