A percepção do visitante sobre a interpretação ambiental em cavidades subterrâneas

Abstract

Em tempos remotos os seres humanos utilizavam cavernas como forma de abrigo. Atualmente, o uso destes ambientes também se dá pelo turismo, em suas diversas formas. O turismo em áreas naturais e a interpretação ambiental podem auxiliar os visitantes na compreensão das paisagens cársticas e contribuir com sua conservação. O objetivo deste estudo foi identificar a percepção dos visitantes sobre a interpretação ambiental em cavidades subterrâneas. A metodologia adotada foi a aplicação de um questionário online, do qual se obteve 252 respostas válidas. Os resultados apontam para uma compreensão da importância do uso de ferramentas interpretativas, e mais de 90% dos respondentes acreditam que as pessoas estão mais conectadas com o ambiente, considerando também que tais visitas propiciam a formação de uma cultura científica.

Avaliação da interpretação ambiental na perspectiva dos visitantes de atrativos naturais

“…Esta lógica parte do pressuposto que nem todos os locais permitem a exploração de diversos temas, pois a interpretação deve ser coerente com a realidade dos roteiros ecoturísticos desenvolvidos, suas características autênticas e limitações (Tilden 2007;Moreira, 2014;Ramkissoon & Uysal, 2018). Estudos como o de Vale et al (2019), por exemplo, apontam temas que faziam as pessoas se sentirem mais conectadas com o ambiente sem, necessariamente, elencar conteúdos específicos.…”

“…Assim, sem a oportunidade de contato com os temas, o aprendizado está bloqueado e, consequentemente, parte da interpretação ambiental possível deixa de ser realizada. O empobrecimento da experiência de visitação pode afetar, inclusive, outros aspectos ligados à autenticidade do turismo (Andrade-Matos et al, 2022), satisfação do visitante (Vale et al, 2019;Oliveira et al, 2021) e ao aproveitamento adequado das áreas naturais para o uso ecoturístico (Rangel & Sinay, 2019;Fennell, 2020;Bussolotti et al, 2020;Bernal et al, 2021).…”

“…O ciclo positivo se reinicia ao retroalimentar positivamente os ideais de conservação das áreas protegidas, por meio da compreensão de seu significado e importância (Palmieri & Massabni, 2020). No entanto, o que se observa na prática, no Brasil e em outros lugares do mundo, é um predomínio de atividades interpretativas com o uso de visitas guiadas e painéis, tal como atestam os trabalhos de Ham & Weiler (2012), Moreira (2014), Vale et al (2019 e Bussolotti et al (2020). Assim, diversas oportunidades podem estar sendo aproveitadas parcialmente, além de uma possível desconexão com as dinâmicas sociais contemporâneas, que são cada vez mais leves e variadas em termos de formas de comunicação e mesmo de processos de ensino-aprendizagem (Castoldi & Polinarski, 2009;Campos, 2016).…”

“…É por meio dela que se busca revelar aos visitantes para além do que conseguem perceber com seus próprios sentidos (Tilden, 2007), processos cognitivos ou capacidades sensoriais (Tuan, 2012). Adicionalmente, a interpretação se beneficia da inserção dos visitantes no ambiente, ampliando suas aberturas para mudanças de atitudes, comportamentos e formas de pensar sua vida cotidiana (Meira et al, 2019;Vale et al, 2019). Para tanto, entende-se que os diferentes meios interpretativos, conteúdos abordados e formas de abordagem são elementos fundamentais da experiência interpretativa no ecoturismo, podendo direcionar aspectos como a qualidade e a profundidade das oportunidades de aprendizado, sensibilização e as conexões com o local visitado.…”

“…Neste contexto, pesquisas anteriores em atrativos específicos abordaram aspectos ligados aos meios interpretativos ou mesmo sobre o potencial de aprendizado da interpretação (e.g. Pinheiro et al, 2015;Vale et al, 2019;Buzatto;Kuhnen, 2020;Raimundo, 2020). Partindo dos pressupostos teóricos apresentados, das pesquisas realizadas anteriormente sobre o tema e norteando-se por uma base empírica autoral, desenvolveu-se uma pesquisa com o objetivo de identificar se os meios interpretativos, conteúdos e formas de abordagem praticados em atrativos de natureza atendem às expectativas e anseios dos visitantes.…”