A Teoria dos Campos de Bourdieu e a Educação em Ciências: Possíveis Articulações e Apropriações

Abstract

Visando contribuir para o entendimento da pesquisa em Educação em Ciências a partir da sociologia da ciência, o objetivo deste artigo foi explorar e elucidar a teoria dos campos, formulada por Pierre Bourdieu, nos objetos de estudo dessa área. Este trabalho teórico foi estruturado em três momentos, articulados ao longo de todo o texto: uma síntese das leis gerais e invariantes dos campos; a elaboração de uma analogia entre o conceito de campo bourdiano e o campo para a Física; uma discussão da apropriação da teoria dos campos em pesquisas da Educação em Ciências que a mobilizam. Discutiu-se o campo como espaço social, os habitus dos agentes, as posições no campo, as disputas e os interesses, a distribuição de capital específico, os limites, as fronteiras e a autonomia do campo. Defendeu-se interpretações desse difícil conceito bourdiano, visando, por exemplo, delimitar o campo e seus agentes, por meio da apropriação em pesquisas da área. Assim, avançou-se no entendimento teórico em diálogo com a área, explicitando as articulações possíveis e as efetivadas entre a Educação em Ciências e a Sociologia da Ciência bourdiana.

A Área 46 Na Capes: Origem, Mudanças E Consolidação Como “Ensino” No Campo Acadêmico-Científico

“…Entretanto, se trata de uma primeira aproximação e outros estudos são necessários, com novos dados e análises mais quantitativas, que relacionem a área com outras áreas e campos e que investiguem de modo mais aprofundado os agentes que disputam esse espaço. Reconhecemos que o conceito de campo bourdiano é de difícil mobilização, tendo sido nosso objeto de estudo teórico há alguns anos (Massi, Agostini, & Nascimento, 2021). Neste artigo nos concentramos na organização e sistematização dos dados históricos da área que entendemos representar uma primeira aproximação ao conceito de campo, reconhecendo algumas de suas propriedades.…”

Formação Inicial Do Professor De Química: Reflexões a Partir Do Perfil Socioeconômico Dos Licenciandos Do Ifrn

“…Observa-se que esses dados se configuram como um indicativo de inclusão, estando de acordo também com a Pesquisa Nacional de Perfil dos Graduandos das IFES (2018), que identificou que 64,4% dos universitários brasileiros têm renda de até 1,5 salário mínimo. Esses dados estão de acordo com outros estudos que indicam que licenciandos são tradicionalmente provenientes de classes sociais menos favorecidas (Massi & Villani, 2014;Moraes et al, 2010) e que o ingresso na licenciatura pode representar a possibilidade de ascensão social (Bego & Ferrari, 2018). Esses resultados representam ainda, um percentual considerável da população de baixa renda no IFRN, indicando que o acesso e permanência dos licenciandos no ensino superior estão sendo assegurados, e que isso pode ser decorrente de políticas públicas efetivas na instituição, como bolsas de permanência, auxílios transporte, alimentação e moradia .…”

Não Tem Saída Fácil: Tensão Entre Autonomia Epistêmica e Confiança na Ciência Como Caminho Para a Educação em Ciências Contemporânea

“…Ademais, a área também vem, há décadas, se afastando das concepções epistemológicas positivistas, ou absolutistas de uma forma mais geral (Kincheloe &Tobin, 2009). Esses movimentos têm aberto espaços para uma renovação profunda nos quadros teórico-metodológicos que configuram a área, ensejando o diálogo com diferentes campos da Antropologia, Sociologia, Estudos das Ciências, Estudos Culturais, (Pigozzo & Nascimento, 2023;Massi et al, 2021) entre outros. Ainda que, obviamente, exista um grande espectro de alinhamentos epistemológicos e políticos nesses campos, de uma forma geral, essas viradas têm apontado para a importância de dar poder aos sujeitos.…”