Aglomerados de alto risco e tendência temporal da sífilis congênita no Brasil

Abstract

Objetivo. Determinar a existência de aglomerados de municípios (clusters) com alto risco para sífilis congênita (SC) no Brasil e descrever a tendência temporal da doença no país, comparando a população de crianças cujas mães realizaram o pré-natal com aquelas cujas mães não realizaram esse controle. Métodos. Este estudo ecológico utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Para a análise de aglomerados, a estatística de varredura Kulldorff foi aplicada à população de risco. A significância estatística foi determinada pelo logaritmo da razão de verossimilhança utilizando a distribuição discreta de Poisson. Para a análise das tendências das taxas de detecção do agravo, utilizou-se a regressão de Prais-Winsten. A análise foi realizada com os programas SatScan 9.4 e Stata 14.0. Resultados. Clusters com taxas de detecção de 41,3, 44,4 e 188,1 casos/10 000 nascidos vivos foram identificados em 2001, 2009 e 2017, respectivamente. Em 2001, as taxas foram 8 vezes maiores nos clusters do que no restante do país; em 2009, foram 3,3 vezes maiores; e, em 2017, 2,5. Detectou-se uma tendência crescente na infecção por SC em todas as regiões e unidades da federação. As taxas foram 8,53 vezes maiores nos neonatos cujas mães não realizaram pré-natal (243,3 casos/1 000 nascidos vivos vs. 28,4 casos/1 000 nascidos vivos em mães com pré-natal). Conclusões. A identificação de aglomerados de municípios com alto risco para SC e de tendências crescentes de infecção por SC em todo o país, mesmo na presença de pré-natal, indicam a necessidade de melhoria nas ações de saúde pública para o combate dessa doença.

Sífilis Congênita No Brasil: Panorama Atualizado Da Incidência E Fatores De Influência

“…As menores taxas de cobertura do pré-natal foram observadas entre as mulheres indígenas, as residentes na região Norte e menos escolarizadas. Já em relação às que deram à luz em unidades públicas de saúde, a qualidade da assistência pré-natal no país foi variável a depender da região, tendo relação com características socioeconômicas e demográficas 15,17 .…”

Panorama of congenital syphilis in school hospital of the hospital of the South region of city of São Paulo

“…In another study, the incidence of syphilis in pregnant and congenital women is closely proportional to the unfavorable socioeconomic structure of the countries, such as poverty, unemployment, little or no schooling, low coverage of prenatal care, is incident in underdeveloped and developed countries in the behavioral profile of unsafe sexual practices, promiscuity, alcohol and drug abuse (Ribeiro, 2020). This characteristics reflects the poor quality and performance of prenatal care in the country and / or the low importance that health professionals and mothers have directed to the diagnosis and treatment of syphilis during pregnancy, the absence of a fixed sexual partner and / or existence of multiple sexual partners, low levels of schooling, and limited access to health services (Oliveira, 2020;Araujo, 2006).…”

Atenção Primária à Saúde em Tempos de Covid-19: Desafios e Estratégias

“…xas de incidência, corroborando com um estudo observacional ecológico acerca da análise dos riscos de sífilis congênita nos municípios brasileiros, o qual destacou a região nordeste quanto à presença de municípios com alto risco. Além disso, apesar da cobertura acima da média nacional, a efetividade da assistência pré-natal na região registra severas deficiências na assistência prestada (OLIVEIRA, et al, 2020).…”

“…As mesmas dificuldades são evidenciadas na região norte, com municípios apresentando risco relativo quando comparado ao restante do país. A região norte, que apresenta os piores indicadores de assistência pré-natal no país, enfrenta ainda o empecilho de ser reconhecida como a região de menor cobertura da assistência no Brasil, tendo como principal causa sobretudo as barreiras de acesso, o que reflete o maior aumento percentual da taxa de incidência nessa região (OLIVEIRA, et al, 2020;VIELLAS, et al, 2014).…”

“…Esse fato provavelmente reflete a desordem socioeconômica na maioria dos países nessa região, resultado de dois dos mais importantes determinantes sociais da saúde: a falta de recursos e a desigualdade em sua distribuição. Tais determinantes associam-se frequentemente a comportamentos sexuais de risco, à falta de assistência médica e, por conseguinte, ao aumento das taxas de infecções sexualmente transmissíveis, entre elas, a sífilis (OLIVEIRA, et al, 2020).…”