Anatomia da lâmina foliar de onze espécies lenhosas dominantes nas savanas de Roraima

Abstract

O conhecimento da anatomia da folha é crucial para o entendimento da adaptação das plantas ao ambiente. O objetivo deste estudo foi descrever a anatomia da lâmina foliar de 11 espécies lenhosas, frequentes nas savanas do extremo norte da Amazônia, com ênfase na identificação de atributos adaptativos a ecossistemas abertos, sujeitos a forte insolação e déficit hídrico sazonal. Amostras de folhas foram coletadas e processadas segundo técnicas usuais para estudos de anatomia e histoquímica. Bowdichia virgilioides, Byrsonima coccolobifolia, By. crassifolia, By. verbascifolia, Casearia sylvestris, Curatella americana, Erythroxylum suberosum, Himatanthus articulatus, Miconia albicans, Roupala montana e Xylopia aromatica apresentaram caracteres típicos de plantas heliófilas e xerófilas, como cutícula espessa e estômatos predominantes na face abaxial, além de forte investimento em tecido fotossintético. Em oito das onze espécies, o parênquima paliçádico (PP) ocupa 50% ou mais do espaço do mesofilo. Curatella americana, mesofilo isobilateral, e Bo. virgilioides, mesofilo homogêneo, foram as espécies com maior investimento em PP (~80% e 100%, respectivamente). Além disso, destaca-se a presença de hipoderme (Bo. virgilioides e X. aromatica) ou de epiderme estratificada, densos indumentos, idioblastos cristalíferos e extensões da bainha de feixes. Em síntese, este conjunto de atributos estruturais protege a lâmina foliar contra o excesso de luminosidade, aumenta a resistência mecânica, minimiza a transpiração e contribui para manutenção do balanço hídrico da planta, favorecendo, portanto, o estabelecimento destas espécies nas savanas sazonais do norte da Amazônia.

Leaf and stem micromorphology of Byrsonima sericea DC. by light and scanning electron microscopy

“…The organization of the dorsiventral mesophyll of B. sericea is similar to that of B. basiloba (Araújo et al, 2010), but differs from the type described for B. coccolobifolia B. crassifolia, B. lancifolia, and B. verbascifolia by Araújo et al (2010) and Ferreira et al (2015).…”

“…Some anatomical characters observed under LM, such as epidermal cell shape, numbers of layers of epidermal cells, and the stomatal classification presented in this work corroborate the observations of Malpighiaceae made by Metcalfe and Chalk (). The epidermal cells are thin, with anticlinal walls straight to curved, as described by Ferreira et al () for B . coccolobifolia , B .…”

Leaf anatomical traits of non-arboreal savanna species along a gradient of tree encroachment

“…These lower SLA values are the result of the increased investment in the epidermis and mesophyll thickness, leading to the construction of leaves with elevated thickness (Vile et al 2005) compared with plants under shade. The literature reports that elevated tissue thicknesses are related to adaptations to water economy and protection against high irradiances (Fahn & Cutler 1992;Voguelmann 1993), situations that are commonly reported for Brazilian savannas (Bieras & Sajo 2009;Ferreira et al 2015). Leaves with lower SLA values are also capable of performing higher photosynthetic rates in a leaf area basis, a situation found in many non-arboreal plants in savannas of Central Brazil subjected to natural Table 3.…”

Anatomia ecológica foliar de <i>Myrcia guianensis</i> (Aubl.) DC. na Restinga Cearense

“…É visto que essas estruturas podem atuar na proteção do tecido foliar contra herbivoria, regulação de cálcio, desintoxicação, equilíbrio iônico, suporte e rigidez de tecido. As drusas presentes no parênquima esponjoso podem atuar na reflexão uniforme da luz solar entre as células do mesofilo, o que pode explicar no presente trabalho as folhas de sombra apresentarem maior quantidade de drusas (LARCHER, 2001;FRANCESCHI;NAKATA, 2005;FERREIRA et al, 2015).…”